Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma visão bem simples e superficial da obra "Em busca de sentido" de Viktor E. Frankl

Viktor Frankl – Em busca de sentido - Cap. II

Viktor Frankl parte do pressuposto em que o homem é um ser que, dentro de sua essência, busca e sente a necessidade de encontrar um sentido para a sua vida, encontrar algo que signifique a sua existência. Esse sentido é colocado como algo que deve ser buscado, deve ser encontrado fora de si, não se trata de uma experiência interna (a priore, posteriormente sim): o homem deve buscar no contato com outros e dos acontecimentos de sua vida uma maneira boa de colocar-se no mundo, indo a favor dos valores morais que tornam a experiência da vida mais rica.

“Em outras palavras, auto-realização só é possível como um efeito colateral da auto-transcendência. Até aqui mostramos que o sentido da vida sempre se modifica, mas jamais deixa de existir. De acordo com a logoterapia, podemos descobrir este sentido na vida de três diferentes formas:

1. criando um trabalho ou praticando um ato;

2. experimentando algo ou encontrando alguém;

3. pela atitude que tomaremos em relação ao sofrimento inevitável.”

Como dito anteriormente, a princípio o sentido se busca fora, é um processo que parte do indivíduo para o coletivo e também do coletivo para o individual, mas quando falamos em re-significar momentos passados em nossas vidas, nos colocamos em reflexão, passamos a um processo interno e íntimo, mas não mais do que avaliando e vendo o real valor de fatos passados. O sentido da vida não parece como algo só, ou que se ache sozinho, mesmo que a reflexão sobre, necessariamente, seja subjetiva.

“A busca do indivíduo por um sentido é a motivação primária em sua vida, e não uma ‘racionalização secundária’ de impulsos instintivos. Esse sentido é exclusivo e específico, uma vez que precisa e pode ser cumprido somente por aquela determinada pessoa.” (FRANKL, VIKTOR E.; Em busca de sentido – Ed.Vozes, 2009, p.87)

Para Frankl não são se trata de viver em constantes vitórias, mas saber ser vitorioso tanto quando se ganha, quanto quando no encontramos com o fracasso. O grande vencedor é aquele que sabe viver um bom momento e dar seqüência em sua vida, e também aquele que sabe criar e superar uma crise, que sabe re-significar algo passado e coloca-lo como fator importante para que chegasse a um patamar mais a frente.

“Não devemos esquecer nunca que também podemos encontrar sentido na vida quando nos confrontamos com uma situação sem esperança, quando enfrentamos uma fatalidade que não pode ser mudada. Porque o que importa, então, é dar testemunho do potencial especificamente humano no que ele tem de mais elevado, e que consiste em transformar uma tragédia pessoal num triunfo, em converter nosso sofrimento numa conquista humana. Quando já não somos capazes de mudar uma situação -podemos pensar numa doença incurável, como um câncer que não se pode mais operar - somos desafiados a mudar a nós próprios.”

Frankl afirma a importância em viver cada momento de nossa existência como algo que já houvesse ocorrido, e que nessa primeira vez tivéssemos tomado a postura ou a escolha errada, sendo então, agora a segunda oportunidade, aquela em que se deve tomar a postura correta. A responsabilidade é, então, a grande questão do sentido de vida, já que iremos responder a todas as escolhas que faremos em nossas vidas, e sendo essas escolhas, fundamentais para que se encontre o caminho mais perto dos ideais superiores, dos valores morais. No caminho da vida podemos ser mesquinhas ou ajudar e colaborar para uma vida mais digna, tanto sua quanto de outros; a escolha que será feita se relaciona em vários aspectos como não prejudicar, invejar, maltratar outras pessoas, assim como, tratar a todos igualmente, ser cordial, entre outros aspectos, sendo que a escolha de cada conduta é uma forma de afirmar uma vida digna ou uma vida medíocre, sabendo que para cada escolha haverá uma conseqüência relacionada.

“Esta ênfase sobre a responsabilidade se reflete no imperativo categórico da logoterapia, que reza: ‘Viva como se já estivesse vivendo pela segunda vez, e como se na primeira vez você tivesse agido tão errado como está prestes a agir agora. ’ Parece-me que nada estimula tanto o senso de responsabilidade de uma pessoa como esta máxima, a qual a convida a imaginar primeiro que o presente é passado e, em segundo lugar, que o passado ainda pode ser alterado e corrigido. Semelhante preceito a confronta com a finitude da vida e com o caráter irrevogável (finality) daquilo que ela faz de sua vida e de si mesma.”

É importante pensarmos no fato de que essa visão traz uma perspectiva não determinante acerca do futuro de uma pessoa, não são fatos do passado que vão determinar o que você será. Não podemos afirmar que um órfão terá mais chances de se tornar uma pessoa com problemas pela falta de contato com membros importantes para o desenvolvimento da personalidade e afetividade, já que serão suas escolhas e a forma de encarar os fatos provenientes de sua experiência no mundo que irão fazer com que ele desenvolva ou não uma personalidade problemática. Os ideais são buscados dia após dia na escolha do que se afirma como certo para a pessoa.

“Parece-me, entretanto, que existe um pressuposto ainda mais errôneo e perigoso, que eu chamo de ’pandeterminismo’. Refiro-me à visão do ser humano que descarta a sua capacidade de tomar uma posição frente a condicionantes quaisquer que sejam. O ser humano não é completamente condicionado e determinado; ele mesmo determina se cede aos condicionantes ou se lhes resiste. Isto é, o ser humano é auto-determinate, em última análise. Ele não simplesmente existe, mas sempre decide qual será a sua existência, o que ele se tornará no momento seguinte.”

O vazio existencial se relaciona a falta de sentido de vida. O vazio é aquele que não consegue tomar decisões que enriqueçam sua vida, enriqueçam de valores, de aspectos positivos. O rico não é aquele que constrói um castelo com enormes pedras e cria grandes salas vazias, mas sim aquele que edifica pedra a pedra e cria cômodos que serão usados, e que no final pode ou não ter criado um palacete, mas sabe do quanto foi significativa e meticulosa toda a obra.

No início da história, o homem foi perdendo alguns dos instintos animais básicos que regulam o comportamento do animal e asseguram sua existência. Tal segurança, assim como o paraíso, está cerrada ao ser humano para todo o sempre. Ele precisa fazer opções. Acresce-se ainda que o ser humano sofreu mais outra perda em seu desenvolvimento mais recente. As tradições, que serviam de apoio para seu comportamento, atualmente vêm diminuindo com grande rapidez. Nenhum instinto lhe diz o que deve fazer e não há tradição que lhe diga o que ele deveria fazer; às vezes ele não sabe sequer o que deseja fazer. Em vez disso, ele deseja fazer o que os outros fazem (conformismo), ou ele faz o que outras pessoas querem que ele faça (totalitarismo).”

Onde está o sentido? Está por aí, em cada momento que se segue nessa marcha inexorável do tempo e está para cada um. O que se passa está concretizado e imutável, mas não impossível de ser reinterpretado. O futuro é o que se coloca como meta, possibilidades, rotas que são colocadas como destino. O presente é o único momento possível de se colocar no trilho para chegar onde se deseja e ao mesmo tempo lembrando do que passou e entendendo que foi o passado que te colocou aqui.

“Duvido que um médico possa responder esta questão em termos genéricos. Isto porque o sentido da vida difere de pessoa para pessoa, de um dia para outro, de uma hora para outra. O que importa, por conseguinte, não é o sentido da vida de um modo geral, mas antes o sentido específico da vida de uma pessoa em um dado momento. Formular esta questão em termos gerais seria comparável a perguntar a um campeão de xadrez: ‘Diga-me, mestre, qual o melhor lance do mundo?’ Simplesmente não existe algo como o melhor lance ou um bom lance à parte deu ma situação específica num jogo e da personalidade peculiar do adversário. O mesmo é válido para a existência humana. Não se deveria procurar um sentido abstrato da vida. Cada qual tem sua própria vocação ou missão específica na vida; cada um precisa executar uma tarefa concreta, que está a exigir cumprimento. Nisto a pessoa não pode ser substituída, nem pode sua vida ser repetida. Assim, a tarefa de cada um é tão singular como a sua oportunidade específica de levá-la a cabo.”

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Globalização inc.

Criamos castelos com grandes salas vazias e derrubamos casas com cômodos cheios.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

do pó ao pó, mas com muito pó no rosto

Somos seres trágicos altamente positivos!

fluxo

e a vida parece que vai assim.. aparando as arestas,
sem querer ou por querer, eu e a vida vamos desatentamente cursando e deixando pra trás, sem mágoas, sem piedade, mas por acaso, as pedras, as árvores..
e assim vou, rumando e o que vem pela frente é visto, conhecido e apreciado, mas nada impede de que sem querer um dia possam ser locais por onde minhas águas não passarão mais.