Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

olhos

Os olhos rabiscam
piscam e fixam
doce ternura que em manuscritos não li
falam com ternura
uma língua que não fui alfabetizado
que aprendi no momento que olhei
não sei se falei
eu nao me vi
nem me vejo
sei que li
em idas e vindas
de um lado pro outro
uma leve piscadela
uma leve tremida
e em meros centézimos
eu entendi
o que vi em seus olhos
que não sei se me imitaram ou
os meus que imitaram os seus
vi nos seus, reflexo dos meus!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

mais rápido que o pensamento e a eletricidade

Olhava para os cantos, os olhos pingpongueavam
rápidos como de costume não são
não se sabia se era medo de ser achado
ou se buscavam não ver pessoa alguma por perto
Contemplaram uma grande árvore
ô sequoia!!
ao mesmo tempo que seu corpo se enchia de ânimo e euforia
caminhava junto um sentimento de peso
era um mal que tirava suas forças
desconcentrava e suas ações eram meramente plano de fundo:
era preciso seguir o pulso
e moveu-se, tão lentamente ágil
passou flexivelmente por arbustos e por pequenas imperfeições do solo
o mal o consumia e se tornava tão insuportável que suas mãos suavam frio:
era calor e frio, suor e secura.
os cinco segundos que levaram para chegar até a grande árvore
pareceram uma eternindade
e quando ainda se dava conta de ter chegado
o mal o possuiu de vez
e foi nessa parte que contou de 1 até 3:
virou, caminhou de costas, abaixou as calças, mirou, descontraiu
e foi ali, embaixo daquela gigantesca árvore que entendeu
que naquele minuto era o cara mais sortudo do mundo.

conclusão: nem sempre o que parece de fato é.
nem sempre deve se esperar por grandes coisas ou no prazer das grandes coisas,
não paramos pra dar valor às pequenas coisas que de fato são importantes para nossa vida, não pensamos em quão grandes são os detalhes até entrarmos em contato com eles.

domingo, 28 de novembro de 2010

Hoje

Hoje é o dia e sempre o hoje é e deverá ser o dia, já que nada se concretiza ou se realiza na esperança do futuro ou na memória do passado!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Filosofias sobre o simples e suas maravilhosas implicações

E por mais que se diga que tudo é complexo,
no final as mais simples explicações
e os mais simples eventos
são os fatores agentes no contínuo e eterno
girar das engrenagens que movem a vida.

sábado, 13 de novembro de 2010

Caçador de almas

Passava pela rua.
Era a rua que passava em forma de esteira...
Até porque, em sua cabeça o mundo girava apenas em torno de seus problemas, paixões, loucuras, teorias e sonhos.
Sua caminhada lembrava uma sombra que lentamente muda de tamanho de acordo com a aproximação da luz.
E era nesse passo que vinha e vinha em direção ao farol.
Sua figura ia adquirindo proporções maiores a medida que mais perto do farol ficava.
Se sua mente fosse algo material, giraria assim como a grande lanterna do obelisco luminoso de alerta.
O farol sou eu, a câmera no fim da rua. Ele, o ator melancólico, passivo, conformado, lento e cabisbaixo.
A sua sorte era poder pensar na sorte, já que sua vida se encontrava como um grande voodoo dos Deuses.
Uma anêmona. Parecia uma anêmona. Isso define.
Se falasse que era viciado em alguma bebida, acreditaria sem duvidar, no entanto, seu vício era outro:
O amor.
o grande amor.
Não, esse amor não é de Eros, é um amor maior. Uma paixão, obcecado.
Sua tristeza era porque no caminho que passava, nada o refletia.
E digo, ainda bem que nada o refletia, pois a espécie se apresentava da pior mímica, postura e comportamento.
Era pavoroso. Diria que se no fundo algum violino rangesse lentamente e uma nota bem grave de um contra-baixo fosse solta, acreditaria estar vendo um filme de terror.
O pesar.... e devia ser pesado o que sua mente carregava: parecia carregar um piano.
Somente era feliz quando podia se ver. Somente era apresentável nessas situações.
Bom para outros? Nada, os outros são os outros, o importante sempre fora fazer seu ego estourar em lá natural, aos prontos!
Era só, já que não se importava com a presença de segunda ou terceira pessoa, sendo assim, outros não tinham nada que os motivasse a ficar perto.
Não era triste por se sentir só, era indiferente quanto a isso.
O vento podia bater tão forte quanto fosse que ficava na mesma postura. Firme e forte, se não fosse por andar, pombos seriam seus parceiros: estátua seria.
Era tudo que a definição de miserável abrange. Miserável, era essa a palavra que há muito procurava.
Pensei em lhe dirigir a palavra, mas julguei melhor apenas observá-lo.
Como conhecia o estranho na rua?
Eu conhecia, conhecido de uma amiga, mais um daqueles casos em que você se lembra da pessoa por mero acaso e sabe que a pessoa nem deve imaginar que você exista.
Não posso dizer se ele não me reconheceu: ele apenas andava, passou em seu andar claudicante, porém ereto e firme, por mim.
Eu não o via como uma pessoa má ou até mesmo uma pessoa cruel que merecesse um castigo que ele mesmo parecia se impor.
Eu sentia uma mistura de vontade de tirá-lo daquilo com uma vontade de esbofetear firme sua face até que acordasse de tal transe. Eu sabia que era uma boa pessoa, apenas uma grande casca que fazia com que o sol não brilhasse para ele.
Tony. Esse era seu apelido. Provavelmente um Antônio. Antônio carlos? Antônio Roberto? Marco Antônio? Não sei, talvez nunca saberei.
Passou por mim e seguiu até o final da rua, até a ponte.
Subiu na coluna. Fitou o rio. Virou-se e creio que nesse ponto, me viu e teve a noção de que alguém o seguia com os olhos.
Eu parado.
Olhou o suficiente para dizer que não muitas seriam suas ações ainda em vida.
Deixou o peso levar, junto com a mão do vento. Caiu. Sua imagem foi gradativamente saindo do compo de visão. Até que não o via mais. Caiu. Menos de 2 segundos para eu não mais consguir acompanhar sua queda de costas, segundos estes que demoraram horas para passar. O homem caiu me fitando. Conforme sua cabeça ia indo para trás e inclinando, chegando cada vez mais a um grau mais próximo da linha do horizonte, ainda se esforçava para me olhar.
O olhar mais profundo que já vi. Se seus olhos tivesses braços, estariam carregando 400 quilos cada um. Era pesado assim como o mercúrio, muito denso, repleto de perguntas, de questões, de formas de pensar, de coisas não realizadas. era uma lição de vida, no aspecto de servir de exemplo para não ser seguido e para te chocar a ponto de pensar em como se reclama de coisas pequenas: os problemas dele deviam de ser pesados! Cortina de Ferro. definiria assim.
O que fiz foi apenas ir atrás do vestígo de seu corpo: ele ficou no rio. Morto. Era história.

pensamento

e cada vez que se pensa que é melhor, acaba que se demonstra que existe um estágio mais evoluído!

domingo, 7 de novembro de 2010

Náufrago

humor de mulher igual a maré
é onda, de vales e cristas
água que em turbilhão à praia chega
é o oceano das certezas incertas
mas é mar que homens, assim como eu
gostam de se afogar

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ao acaso

minhas palavras se recusam a sair
é a forma de te dizer em um profundo e inquieto silencio
o que poderia tentar juntar palavras e me expressar, sem que
o efeito fosse tão devastador ou gigantesco
quanto o olhar
quanto a íris brilhando
o reflexo do rio que passa cristal, no cristalino
é o tom da voz
é o que sabe sem saber
é a certeza de saber o que você pensa
ou o quanto que meus olhos te fascinaram
e quanto os seus me fizeram entender tudo
as palavras são muletas
para os deficientes do coração
pra que dizer? o que dizer?
nada
não dizer nada
eu tenho a certeza de que te quero, desde que te olhei
tenho a certeza de que me quer, desde que vi seu olho relutar em pousar sobre minha
figura
ao olhar pro lado ao sentir que me observavam e dar com seus olhos
escapando como dois ladrões
envergonhados de um crime
e que crime
o crime de me querer
sou vitima
serei vitima
se for pra seus olhos me tocarem
com a suavidade e a doçura
o acaso reuniu dois
e deu mais certezas do que os dois poderiam ter
está certo assim
e é assim que deverá ser
fluindo como o barco sem remos
no rio da vida, no afluente da paixão

cromossônico

as cores, lá fora, sopravam em tons
caíam de tônica pra terça, na medida que o vento alisava a superfície
plana em ondas do veludo celestial
o azul se firmava em acorde
anil, marinho, escuro e petróleo
organização cromática em ondas
e cada vez que se passava a canção do dia
as notas mudavam
até o vermelho alaranjado do final nostálgico
das tardes brilhantes e agudas de verão!

agora é noite: cinza, escuro, escuro mais e negro
das cores, até o vazio infinito, imenso
o salpicado
o todo pintado
o nada presentiado com pequenas marcações de tempo
o céu estrelado de uma noite perfeitamente orquestrada
violinos celestes
celos astrais
o manto negro da complexidade extrema e eterna"

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Inércia psicológica

As ciências exatas, humanas e biológicas (apesar de suas peculiaridades e aspectos únicos) se estruturam do mesmo conceito: a observação e a busca por sínteses que o façam ver de uma maneira mais profunda o que nos circunda.
Surgem, talvez, do pensamento do "por que?" e da busca pelo entendimento racional, é a tentativa de se chegar ao ponto inicial.
Sendo o estudo, independente da área, algo com a mesma excência, podemos correlacionar aspectos de uma área de enfoque em outra.
O que proponho aqui, é a reflexão na analise de Newton, em uma de suas leis, falando sobre as forças aplicadas em um corpo. A inércia, assim como o próprio conceito da palavra explica, se trata no conceito que algo que se encontra parado permanecerá assim, até que alguma força o faço sair do lugar. Inércia é estar parado, quando nada o motiva a fluir em movimento.
O atrito, se baseia na interação do objeto com a superfície onde se encontra. Qualquer forma ou tentativa de deslocamento repercurtirá na ação de reação do solo ou local apoiado em em resposta ao movimento do objeto.
Existem duas constantes de atrito: a do atrito estático e a do atrito dinâmico, que como (mais uma vez) o próprio nome conceitua perfeitamente; o primeiro enquanto ainda está parado (em vias de ser forçado ou aplicada uma força) e o outro enquanto o objeto assume uma aceleração graças a uma força que o levará para algum outro local, seria a força contrária aplicada em momento de deslocamento.
O interessante desse conceito, não seria nem o fato de agora aplicar fórmulas ou interagir com números ou coisas tão exatas, seria utilizar essa forma de conceito em relação às motivações e os comportamentos do indivíduo.
O que teria de sentido entre a trabalho e realizações pessoais?
De fato, ao se querer algo, formamos um pensamento de fazer ou não fazer o pensado, filtramos.
Ao levar em conta fazer o que foi pensado estamos potencializando uma ação, ou seja, é a formação da energia. O conceito de energia é a de algo armazenado com a capacidade de realizar trabalho, ou seja, realização, e se aplica à força imposta em algum objeto de certa massa sob certa aceleração.
A passagem de energia, ou seja, do pensamento de fazer algo, para o algo feito, implica na questão de certeza do potencial. É uma questão de crítica ou analise individual: racionalizar a ponto de saber s a energia que será gasta será suficiente para ter um trabalho bem sucedido.
Agora, no ponto em que há o princípio do trabalho, quando a força é imposta, devemos entender que o primeiro empurrão, tem que ser sempre o mais forte. É nesse ponto que a maioria das pessoas não passa, já que é muito mais pesado o trabalho no começo do que quando está sendo realizado. Para tirar uma idéia ou uma ação da inérca, é necessário muita eficacia e determinação.
Pensar que logo de cara o esforço é maior, já se torna um problema motivacional, já que a pensamento levará a algo do tipo "é melhor continuar não fazendo nada, muita coisa que terei que fazer e pode nõa dar em nada!". É nesse ponto que se deve pensar em aspectos como o de que se sempre parecer que um grande esforço pode não dar em nada, você nunca consiguirá colocar coisas em ação, serão sempre maquetes, ou plantas. Como saber se algo dará certo ou não, se não tentar? o problema de realização pessoal pode esbarrar nesse quesito, o de nunca querer tentar por ser necessário muitas coisas antes de se saber os frutos que serão colhidos.
No entanto, o que são os frutos de uma árvore não plantada se não apenas idéias ou protótipos de materias e realizações?
O pensamento motivacional deve se basear no aspecto a posteriore do primeiro esforço, já que o atrito dinâmico é sempre menor que o estático e que a noção de sucesso das ações estão no fato da ocupação e não da pré-ocupação. Ao pensar se dará certo não se levará em conta aspectos que poderão surgir e que não foi calculado pelo ser. Com certeza muitas ótimas invenções e descobertas vieram de situações inusitadas.
Colocar a perspectiva depois da parte mais difícil, com certeza facilita encarar o trabalho inicial, já que assim ele é tirado da perpecitva primeira, ou de primeiro plano, e passa a ser peça de um tabuleiro e não o tabuleiro em si.
Antes de fazer, pense e avalie. Analise, no entanto ponha mais em prática do que faça planos, idealizar e nõa realizar é uma porta para a frustração e para o sentimento de impotência, e meu amigo quem potencializa uma idéia, é porque tem vias para realizá-la e com certeza de impotente nada tem.

o pensamento, mento, mento, mento... mento....... mento

e no fundo, é de se pensar em larga escala que se faz peneira, filtrando e deixando passar o de menor tamanho, retendo apenas grandes valores! mas não deixem de fazer uso do que se é guardado, a ocupação evita a preocupação. como o sábio fala "as flores somente florescem onde se teve preparo" e "de pensar morreu o burro"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

fábula

"O que te faz ser forte?"
perguntou o vento ao sol, no tom do sopro melancólico que subitamente passa por meio segundo cortante
O sol não respondeu
"É porque tens que mostrar ser o astro rei?"
indagou o velhaco e frio vento
"Ou será que é pelo fato de dentro de seu ser explodem formas de calor?"
Anasalou a pergunta, como resultado do final do sopro, já quase sem movimento e força
"Creio que brilhas porque procuras por algo na escuridão! não se contenta em no escuro ficar! és preocupado e sem paciência!"
mais uma vez o vento pareceu ressurgir e timbrou num tom leve
"Eu me arrasto e vou, varro o mundo, alivio onde fizeste arder. Sou a brisa que acalma na sombra. E tu? és o que? apenas chama porque o fogo que contém em seu âmago arde. és egoísta!"

O Sol, antes que deixasse o vento sozinho falando, buscou letras e fez frase "queimo e ardo porque a vida daqueles que aí vivem, são como chamas de velas, que a cada vez que são ameaçadas de serem apagadas por ti, recebem o calor de mim e queimam como brasa! eu sou a mão amiga que as protege"


.
.
.
quando se tem certeza do porque de ser e em como és, não é devida nenhuma justificativa a todos aqueles que ousam julgar sua verdade. Apenas seja o calor que mantém a chama, que protege.

care

a verdade é delicada e requer proteção, está dentro de uma casca. se pretende conhecer a verdade, deve quebrar a casca e cuidar depois.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

intelecto

O meu intelecto é fanfarrão:
é besta e bobo
graças
ele é sincero e criativo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A felicidade

Existem dois caminhos na vida: o da felicidade e o do casamento. Para qualquer escolha existe a cerveja!

Uma reflexão breve sobre tendências sociais atuais: modo de se expressar - roupas, identidades etc.

É de causar estranheza qualquer modificação no forma de comportamento de uma cultura.
As tendências são firmes e presas á cada geração, no entanto sofrem um contínuo processo de modificação, fazendo com que apenas poucos anos de diferença entre um grupo ou indivíduo para outro gere um conflito grande.
Se para as pessoas que beiram os 30 até os 40, as coisas que as de 20 fazem são estranhas, ainda maior é esse aspecto quanto maior é a distância nas extremidades desse pensamento: Pessoas de 70 simplesmente não entendem as tendências dos de 10, 15, 20.
A atual forma de expressão gera uma grande questão em todos âmbitos sociais, já que é uma forma bem livre e forte de expressão: usam muitas cores, são livres de preceitos, os cabelos não seguem uma norma.
A questão que é muito levantada é a do homossexualismo, que aparentemente, se tornou algo sem tabu, para essa geração, as pessoas estão se sentindo mais livres para dizer o que gostam e o que não gostam. Bem, isso pode ser visto de duas maneiras: presa a moldes antiquados e que camuflam a verdade, ou entender que esta maneira de ver as coisas é mais justa.
Creio que é constitucional o direito de ir e vir, de ser livre (perante algumas normas e leis, mas livre no fundo, em poder ser o que quiser), dessa maneira parece mais sensato deixar as pessoas serem o que bem entendem, a questão da sua felicidade é sua, a de terceiros cabe apenas a terceiros. Se voce é feliz por gostar do sexo oposto òtimo (participo desse gosto, rsrsr), se você se sente feliz estando ao lado de alguém do seu sexo, que ótimo, que assim seja.
A única ressalva que eu faço é do movimento mais cabeça aberta acabar passando por uma nova norma e uma maneira de moda. Todos tem direito a ser o que quiserem, mas o grande problema é aquele que não partilha de uma visão igual a de seu grupo. Acho que essa maior flexibilidade pode fazer com que pessoas que ainda não estejam bem definidas quanto a qual conduta sexual seguir, acabarem acreditando que o homossexualismo seja a resposta. Entendam que não falo de maneira cheia de preconceito, digo mais, eu julgo certo a pessoa se descobrir e seguir o caminho que assim é mais certo, sendo assim julgo errado alguém que não é homossexual seguir essa conduta, assim como acho errado uma pessoa de conduta homossexual ter que fazer fachada como se gostasse do outro sexo.
Da mesma maneira que antigamente as pessoas precisavam encobrir a homossexualidade, eu temo hoje, que as coisas tenham invertido tanto, e a parte que antes era reprimida hoje seja a opressora. Creio que o que pode ocorrer é uma inversão naquele sistema do homossexual querer se esconder, parece doido, mas creio que a tendência é o heterossexual não cumprir essa orientação devido ao grupo e a ideologia ali presente.
Prezo pela felicidade de todos, sendo felizes do jeito que julguem ser o melhor para seguir. Heteros sendo héteros e homossexuais sendo homossexuais!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hoje não é dia de poesia - crítica e análise II - a nova forma de consumir e pagar

"Bala de troco, que cosa triste" - é assim que o comercial de certo cartão de crédito propõe a solução para os problemas de troco: use cartão de crédito e você não terá mais que aceitar balas quando a loja não tiver moedas de pequeno valor para lhe dar de troco.
A brincadera da propaganda é genial, no entanto, por trás dos panos vemos um problema incrivelmente maior: a desvalorização da moeda, a mudança da forma de pagamento, a substituição de dinheiro real por dinheiro virtual.
A primeira coisa que deve ser levada em conta quando pensamos na dificuldade do troco, quando falamos em pequenos valores, é ou da grande economia ou da péssima valorização do dinheiro de uma nação.
Se nao há moedas de um centavo, cinco, ou dez, podemos ter certeza de que isto é ou um final de processo da desvalorização ou da mega valorização da moeda. Se o caso é de desvalorização, devemos entender que o sumiço de valores pequenos se deve ao fato de não ser atribuido grande valia ter estas moedas consigo. "O que posso fazer com um centavo? Se nada posso comprar, deixo em casa, esqueço no bolso.". Nesse caso relatamos uma diminição pela falta de circulação e pela pouca necessidade em se fazer mais moedas de tal valor. A mesma coisa acontece quando a moeda tem muiot valor, no entando, a circulação acaba pois o país não tem necessidade de colocar preços deveras quebrados, pode se trabalhar com valores mais arredondados, sem uso de centavos; ou algo custa um ou dois, ou três.
Outro aspecto interessante quando pensamos em cartões de crédito é a nova forma de pagamento: se paga no começo do mês o que fo consumido no anterior.
O seu gasto no mês é previsto parar ser descontado no próximo mês, ou seja, você consome e consome, sem ter que pegar do seu dinheiro do mês e pagar, o seu próximo pagamento será a forma utilizada para quitar suas dívidas. Até antes da invenção do dinheiro virtual, a pessoa precisava receber para poder pegar o dinheiro, ir até uma loja e comprar o que fosse. Já existia o cheque, no entanto, o cheque sempre andou em conjunto com a compra à vista, ele nunca foi uma forma total de prestação de prova como pagamento de uma dívida no mês que vem, suas comprar não eram apenas em cheques, até porque há um grande preconceito com o uso de cheques (fraudes e calotes) impedindo que este seja usado com muita frequência. Hoje estamos vendo uma ida do dinheiro praticamente como o cartão apenas. Você compra até na padaria com o cartão e mês que vem o dinheiro que chega em sua conta já vai direto para sanar as dívidas. Aqui é o ponto certo: dívidas.
A forma que se vive com o dinheiro hoje é através de quitar dívidas, ao passo que, quando você pega o dinheiro e na hora paga pelo que está sendo comprado, você tem o fim do processo de compra e venda. A pessoa que passa o mês inteiro fazendo contas para saber se no próximo mês terá como pagar o que está consumindo ela sofrerá de ansiedade e estresse elevado. Ela não consegue matar na hora a preocupação, levará um mês. E assim vai, todo mês a mesma coisa.
O grande problema é que a via virtual do dinheiro parece mais interessante para bancos e empressas de cartão, já que ela cria seres que se comprometem no mês anterior a pagar algo no próximo mês, garantem seu lucro. O que parece mais complicado é a imposição do virtual sobre o real, já que ocorrendo a retirada do dinheiro paupável, você tira a possibilidade da pessoa escolher como gastar suas economias, ou seja, se vai pagar agora o que compra ou se vai querer pagar depois.
O grande problema de criar uma forma apenas virtual de dinheiro esbarra na questão da dívida: criar indivíduos sempre endividados pode gerar uma alienação.
Se o salário do próximo mês já vem contado para pagar o que foi consumido no mês passado, o indivíduo fica preso a uma sempre dívida. Esssa sempre balança desfavorável que deve ser equilibrada, não faz com que tenha a possibilidade de sentirmos a balança pesada para nosso lado.
O fato de estar sempre em dívidas, pode fazer da pessoa uma eterna devedora, e sendo assim pode gerar indivíduos que consumam mais do que possam pagar. E aqui vem o X da questão: se somente existe o dinheiro virtual e a pessoa consome mais do que tem, quem vai pagar os bancos uma vez que o dinheiro vai ser somatizado apenas em tipos virtuais? creio que nesse ponto pode ocorrer como na crise bancária dos EUA, só que ao invés de emprestimos, será com dívidas.
Os bancos contarão com o dinheiro que seus clientes dizem ter para pagar o que foi consumido, e o banco trabalha com os valores que crê que receberá. Se o banco investe com algo que não será pago, como que fica? Aí aqui que mora o problema todo.... não fica né?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hoje não é dia de poesia - crítica e analise I - o narciso surge sutilmente

Venho observando algo muito interessante nesse útlimo mês:
o narciso no físico.
Há um mês ando observando o comportamento de pessoas na acadêmia a qual me vinculei.
Já é assunto antigo e batido que pessoas que conforme vão ganhando condicionamento físico e vão criando um corpo teoricamente tido como mais belo pelos padrões de beleza atuais de nossa sociedade, ele se transforma num ser a procura de seu reflexo.
A sua própria imagem o satisfaz. Esse sentimento seria uma espécie de reconhecimento de si como pertencente a uma classe específica: a dos inclusos nos padrões de beleza.
O trabalho que se teve para conseguir chegar até esse biotipo já citado também é uma das causas da constante admiração de si próprio.
Disso tudo, todos já estão carecas de saber, o que vem me intrigando é o primeiro vínculo, quando a pessoa começou essas tarefas de esforço físico e ainda não é um narciso.
Creio que o fato de em algum determinado momento o ser se tornar um narcisista acontece de uma maneira gradativa e não algo que cumina em um certo dia que este se dá conta que está belo.
O primeiro passo vem do estímulo visual que a própria academia proporciona: espelho por todos os lados.
Essa proposta, dos espelhos, pode ser vista de dois jeitos: no fator de ajudar na hora de execução de certo exercício, para manter a postura, entre outras coisas; o outro fator é o da auto-propaganda, ou seja, a academia consegue seu consumidor oferecendo ele mesmo como comprovação da eficácia dela.
O segundo passo se baseia no primeiro fator acima referido, já que o seu primeiro contato com seu reflexo numa academia será ao usar seu reflexo como forma de orientação e averiguação quanto a devida execução do exercício, uma maneira de poder avaliar se o movimento está sendo feito de maneira correta.
O que mais me deixa curioso, nesse ponto, é que o grande exercício de culto a si mesmo, não parece surgir de uma maneira já determinada a ser assim, ela é mais sem propósito, no entanto como ocorre uma modificação compórea e consequentemente um aumento da auto-estima, o hábito de se olhar com satisfação e várias vezes se torna algo constante e viciante, o ser acaba precisando se olhar, ele precisa se admirar, isso o satisfaz.
As relações interpessoais na academia também podem ser considerados um fator importante para uma admiração de si, já que com o convívio com mais pessoas, o indivíduo acaba criando uma possibilidade maior de conhecer pessoas e, entre essas, algumas partilharem interesses e acabar se relacionando de uma maneira que faça a sua "beleza" ser ainda mais apreciado pelo fato de agradar a mais pessoas. Ainda é mais efetivo se pensarmos que pode acontecer que ao entrar na academia a pessoa não esteja feliz com seu corpo e tenha problemas de relacionamento sexual e ao começar a se sentir mais belo, melhorar seu lado afetivo (sexualmente), e acabar associando isso apenas ao fato de ter esculpido seu corpo (não olhando o lado da auto-confiança).
São alguns fatos que influenciam a criação do ser narciso e uma rápida olhada no processo que o leva de mero observador do próprio reflexo para um adorador dessa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

vento

Vento
so-pra-e-so-pra
Forma existente
que é ao mesmo tempo tudo e nada

o vento vem e
[me abraça]
de uma maneira que ao mesmo tempo que
p-e-n-s-o em abraça-lo
não sei onde está, nem se já se foi
onde começa e termina?
é forma que envolve e vai embora
de uma maneira tão pouco uniforme
que nunca se sabe se ainda é, ou se não é mais
v-en-to
que carre[ga] e [carre]ga as folhas
traz - e leva
que des
-pen
-ca
e se -va
-le
-e

um monte de nada
um aparetemente nada
que muda
que balança
que ui-va

é a força do nada
que sacode as árvores
que espalha o pólem
que empurra a água
o barco
o cabelo
a roupa
e vai mudando o clima
traz as núvens de longe

ve-e-e-e-e -nto ve-e-e-e-e-e-e-e ntania
que assim como uma grande vassoura
v-a-a-a-a-rrrrrre a (vida)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

síntese

Será possível eu achar?
O que procuro todo os dias
não tem corpo [ desmembrado, não tem braços nem pernas
será que existe?
aahh sim
existe dentro de mim
tá perto de onde se faz tum-tum
é amor?
pode ser
mas não parece ser o que eu procuro
só faz parte, o amor pra mim alguma hora chega
e que seja assim, que chegue por que tem que chegar, ao seu tempo, nada forçado
mas falo de novo
o que procuro?
alguma coisa eu sempre vou atrás
ihhh, eu vou atrás de mim
e parece que toda vez que eu penso em correr e agarrar o meu eu
ele já tá na frente se virando pra tentar agarrar o eu que agora já tá na frente
e tá se virando pra ir atrás do eu
e as coisas ficam nesse ciclo inacabável
a minha esperança
é na verdade de sempre tentar achar o eu
e nunca conseguir mesmo
porque pensa bem.... quando eu conseguir pegar o eu
não vai ter mais o que correr atrás
então que seja assim
que eu saiba que estou correndo atrás de mim
e me identifique, saiba o que sou
mas que esse conhecimento nunca seja fechado e sacramentado
que eu me conheça tanto que quando eu faça algo que não esperava
entenda que nunca se sabe tudo sobre você mesmo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a mínima parte de um total só possível pelas mínimas partes conjuntas - a gota

E se for chuva que cai de baixo pra cima?
subiria ou seria ainda uma forma de queda?
tanto faz, faz é que chove
e chove em mim,
pingos, respingos, trespingos
quando sem resguardo, a chuva tende a molhar quem se dispõe sob o céu

todas as gotas caem, mas uma
uma apenas, me desviou a atenção
era igual as outras, pra quem por ali passava e via a chuva
mas pra mim, era diferente
era mais brilhante, silhueta característica
clara, e se movendo de um jeito que só esse pingo era capaz

a gota é você,
é simples,
é intrigante,
refresca,

você foi a pequena gota que percorreu milhares de quilometros
passou por vários andares,
mas que caprichosamente foi
e foi
e foi
em sentido
e como se os segundos tivessem se transformado em horas
percorreu o meio metro que faltava
e em meus lábios repousou

você é a gota, que poderia ser detalhe
mas era mais, era detalhe, era sintese e era conteúdo
foi um dos melhores momentos
poucos segundos em que uma leve gotícula
fez mais sentido do que toda a água da chuva.

era você...

Eterna doçura

tenho certeza de que algo abstrato é sempre difícil de se concretizar
eu não tenho certeza se o que senti é apenas uma impressão
se foram os olhos, o olhar, a fixação, a mesma vibração [seus olhos e os meus
não sei o timbre de sua voz
não sei como que seus lindos lábios se articulam
nunca te ouvi falar
te vi uma vez
te olhei uma dezena de vezes
te quis centenas de vezes
e tudo é incerteza
quanto ao que foi, foi real
foi aquilo que se sente e que se sabe que não é algo só
foi saber que em meus olhos se sentiu calma e inquieta
fui fogo e água, assim como você, para mim, foi paraíso e Terra
poucas foram as vezes, em minha vida, que presenciei algo tão puro e bonito, e tão certo
era um momento que deveria acontecer
fez todo o sentindo pra mim... e pra você
se perdeu em mim de uma maneira
que só sei explicar pq em você, eu me perdi da mesma maneira
nem mais pra mim, nem mais pra você
éramos só eu e você
como conhecidos, que podem trocar olhares
como estranhos, que envergonham-se ao olhar nos olhos
mas nos olhamos, aahhh, como nos olhamos
você do alto, e eu lá em baixo
seria fácil você nos meus olhos não se reter
mas procuraste a mim, pois meus olhos te procuraram antes, ou será que depois
não se sabe
não fui eu, nem foi você
foi além
fomos nós
e que fica em mim
o que fica em você
sem pressa pra que isso ocorra ou tenha que acontecer
fica como tatuagem
a eterna doçura, que sua presença, em minha alma se perpetua
a eterna doçura, que minha presença, em sua alma se perpetua

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Capitlo II - Acordando ainda a tempo de ver a luz do dia

Papapapa! Foi ao som de quatro palmas que lentamente um olho se abriu e logo em seguida, o outro repetiu a ação do primeiro.
"São onze da manhã!" falou em alto e bom som a empregada.
Mara Diaz. A face aparentava mais idade do que os documentos, parecendo ter cinquenta, mas na verdade ainda não completara quarenta e dois. Sempre fora empregada da família Valdango.
Parecia tão do cotidiano da casa que provavelmente se a perguntassem o que antes fizera em sua vida, provavelmente não saberia responder. Era como cada quadro, cada estante, cada livro empoeirado da casa: era parte do cenário da número 43 da rua Balguda.
"Acorde homem, parece ainda não entender que trabalha! Ainda és um bebezão! são onze e meia da manhã, irá se atrasar para o trabalho!", falou rispidamente, mas com um toque de carinho e intimidade que somente alguém que já convive há anos poderia dizer.
Demorou cerca de quinze minutos para o homem que dormia se levantar. O quarto parecia muito grande para um homem franzino daqueles. A cama centrada, no meio do quarto, ao lado um sofá, do outro uma cômoda, na parede alguns quadros, a janela ainda fechada. Pelo que se via, o tal homem deveria pertencer a alguma alta classe da cidade.
Retirando o pijama e colocando a blusa de seda, a calça de camurça, os sapatos lustrados, o suspensório, e por fim, o chapéu. Não era de todo baixo, variava entre o 1 e 76 e o 1 e 78.
Calvino Valdango. Assim como o nome sugere, era de família hispânica com algumas mistura francesa e um pouco do sangue italiano. Dizem que entre o primeiro nome e o último, havia um sobrenome italiano, algo como, Pazzini, ou Panini.
Se dirigiu ainda em câmera lenta ao banheiro. Parecia um corpo sem alma. Andava passo a passo, com um calma que não refletia a situação. Se olhou no espelho, olhou seu reflexo, e ainda assim parecia não fazer idéia do que via. Ainda estava num processo de acordar, tudo ainda era lento e surreal. Aparentemente só saiu de seu coma quando o relógio cuco anunciou a hora certa ao mesmo tempo em que jogava água em seu rosto. Usou seu perfume, algo que lembrava raspas de limão, a doçura do morango e a fragância de camomila. Era enjoativa e ácida, mas lhe fazia bem.
Percorrei todo o caminho do quarto, passando por cima de seu pijama e chegando até a cabeceira onde achou seus óculos. Seu próximo passo foi abrir a porta e sair do seu dormitório.

Ao chegar à sala de jantar sentou-se prontamente e perguntou com uma voz rouca e sem forças para a empregada que havia lhe acordado:
-Ainda tem suco de maracujá? E broa de milho? Meu pai se encontra ou já foi pro banco?
E como uma máquina a empregada respondeu sem pensar às três perguntas:
-sim, não, foi!
Apesar da aparente falta de carinho entre a conversa dos dois, era óbvia a grande intimidade que tinham: não floreavam, eram objetivos e respondiam a tudo que era perguntado.
O franzino homem, cortou o pão e lentamente derrubou azeite no miolo. Serviu-se de café e observou a empregada chegando com o suco:
-Acho que papei deveria se conter a ficar em casa. O banco lhe fornece mais problemas do que notas de cem. Em sua idade, a maioria descansa.
A empregada seca como sempre lhe retribuiu:
-E já não há nessa casa homens suficientes que descansam e dormem? Mais e não haverá vivalma durante a manhã!
Assim como se nada tivesse sido dito, Calvino continuou com as expressões antigas, como se o fora que a empregada lhe dera nada tivesse mudado o que pensa ou afetado seus sentimentos.
Pigarreou com força, tomou o suco todo de uma vez, comeu a segunda rodela de pão e falou mais uma vez com a de avental:
-Parece muito, mas nem é tanto o dinheiro que o velho faz no banco! Nos dias de hoje é mais fácil botar outros para trabalhar e acreditar em sócios do que ser o único dono e se desgastar tanto! Prefiro algo que não canse tanto.... ser detetive é algo bom! Passo maior parte de meu dia no escritório vendo e revendo os casos. trabalho apenas na parte da tarde, um bom detetive precisa de tempo para ir atrás de pistas durante a noite!
A empregada parou de tirar os farelos da mesa e como uma estátua fitou seu patrão com a maior cara de deboche e proferiu:
-E o senhor é bom detetive porque fica na bohemia durante a noite? Falando nisso ontem foi atrás de pistas, ou dizendo melhor, ficou com alguma mulher ou abraçou a bebida? pois chegou tarde, passava das cinco!
Calvino pela primeira vez parou de fazer o que estava fazendo e mudou a cara, fitou bem nos ohos da empregada por cerca de dois segundos e depois desviou o olhar para o chão e respondeu:
-Ontem encontrei pistas importantes sobre o caso da mulher de Jonas Manduras, Leila. Ela está realmente o traindo. E ainda digo mais, pobre Jonas! Sua mulher o está traindo com o dono do "Anchovas etílicas", aquele bar nas docas. Pobre homem, sua mulher traindo com um daqueles homens da ralé!
A serviçal o olhou bem e por conseuinte acabou tomando o rumo da cozinha e deixou o detetive boêmio e magricela terminando sua primeira refeição.

Já passava do meio dia quando Calvino resolveu sair de casa e rumar para seu escritório. O trajeto era um pouco longo, tinha que cruzar o rio que dividia a cidade em duas e ir até a parte sudeste do centro. Percurso que levava cerca de meia hora a pé ou quinze minutos à cavalo.
Como era de costume ia na segunda, quarta e sexta-feira a pé, nas terças e quintas à cavalo. Era uma sexta, logo foi passo após passo caminhando em direção ao trabalho.
No caminho passou pelo grande centro da cidade, onde havia a sede dos bancos, a casa de penhores, a Igreja, o tribunal e o grande mercado com suas varias barracas vendendo desde frutas e legumes até jormais. E foi numa dessas pequenas bancas que viu uma grande aglomeração. Foi chegando mais perto e mais perto, até o ponto em que precisava empurrar quem estava na frente parar poder vizualizar os jornais. Quando finalmente conseguiu olhor e ler o que se tratava, seus olhos abriram como duas grandes bolas de sinuca. Sua face demonstrou a cara de espanto e leu quase silenciosamente a manchete da noítcia "Homem encontrado morto com um tiro na cabeça na rua 16 nesta madrugada". Não era preciso ser um detetive para saber casos sobre a rua 16, mas em especial havia um que assombrava a cidade: a lenda do assassino da névoa. Calvino sabia muito bem dessa história pois seu pai sempre a contou quando ainda era criança. No entanto, não era apenas uma história que era contada para ele: seu pai sempre lhe disse que seus dois tios foram assassinados na rua 16. Os dois eram na verdade duas das 12 vítimas do assassino da névoa. Cada vítima era morta em um mês do ano, e o assassino matou o primeiro no dia primeiro de janeiro, o segundo no dia dois de fevereiro e sempre assim, batendo o número do dia com o número do mês. o mais estranho é que em todos esses dias, a névoa sempre estava espessa, sendo assim, foi atribuído um lado paranormal às mortes. Ainda se sabia que cada homem assassinado era aniversariante do mês seguinte ao que fora morto, exceto pelo último, que era nascido em dezembro, quebrando a sequência. No entanto, hoje é dia 12 de dezembro.

domingo, 22 de agosto de 2010

O assassino da rua 16 - capítulo I

Assim como a água evaporada durante um banho quente de banheira, a névoa havia se fechado densamente de uma maneira que não se chamaria de um absurdo compará-la com um muro.
A visibilidade era tão grande quanto a de um míope que perdera o óculos: não se enxergava muito mais do que um palmo em qualquer direção que os olhos mirassem.
Seria preciso mais postes ou pelo menos mais potentes do que aqueles que na pequena rua de paralelepípedo brilhavam como vagalumes num jardim.
O céu estava fechado e na mistura do negro da noite com o cinza das núvens parecia tingido com a água onde se coloca os pinceis. A hora? Provavelmente alguns minutos depois da meia noite já que não havia muito o relógio da catedral havia ecoado pelos arredores.
E o que fazia ali naquela pequena rua uma pessoa? Por que estava ali andando sozinha? Local mais estranho para se passar em tal hora e estado climático não havia: aquela rua era a mais sombria da cidade, tão sombria que ali nem alguns dos mais perigosos malfeitores se atraviam a passar.
A rua 16, como era chamada, levava a reputação de assombrada, no entanto era de conhecimento que de assombrada nada tinha, era apenas um local fácil de pregar o mal da existência, era fácil fazer coisas ruins e não ser visto. Não era possível contar nos dedos as histórias sobre homens ou mulheres que por aquela rua passaram e nela ficaram.
Repito: naquela rua na data de 17 de dezembro de 1745 passava um homem vestindo um casaco, grossas calças e um grande gorro de lã.
Parecia inquieto, não que parecesse ser o medo da rua, mas parecia temer algo que poderia vir pela frente ou surpreendê-lo por trás, talvez por isso olhava constantemente e rapidamente para frente e para trás.
Ao chegar perto de um pequeno banco de madeira, que ainda que velho parecia conseguir sustentar o peso de um homem corpulento, assim como se apresentava o situação corpórea. Parecia um bonieco de neve.
Ao se sentar no banco fez questão de bater com o pé no chão de uma maneira que seu nervosismo se mostrou ainda mais evidente. Pareci crescer como os números de uma P.G.
Olhou para os lados, reitrou de seu bolso um charuto e uma caixa com fósforos. Assim como um faminto macaco abre uma banana, o corpulento homem acendeu seu vício. Uma, duas, três tragadas e por conseguinte, uma grande baforada que após alguns centímetros de visibilidade se tornou mais uma parte da névoa.
Não foi nada surpreendente o charuto ter caído no chão, já que suas mãos tremiam em um ritmo fora do normal, o frio era intenso, mas não tanto que o fizesse tremer tanto.
Sua primeira iniciativa foi tentar se agachar e tentar pegar o charuto perdido. dois minutos foram o suficiente para que perdesse a paciência e acabasse pegando outro dentro da caixa de madeira guardada na parte interior de seu casaco.
O homem retirou a ponta do charuto e na hora que faria a ação de acendê-lo, um homem ali chegou e com o fósforo já aceso acendeu seu cubano.
A cara do fumante se abriu como quem toma um susto de uma assombração, mas e poucos segundos sua cara passou de medo e susto para algo como medo e obrigação, de uma maneira que fica fácil entender que pelo homem que acendeu seu charuto o amedrontado boneco de neve esperava.
De maneira fria o homem que vestia uma grande capa bege e uma cartola ficou em pé durante toda a conversa que ali aconteceu. foram poucos minutos de conversa, que acabou em um aperto de mão e com o misterioso de capa indo embora.
A cara do homem era agora mais calma, seu comportamento de bater a perna parecia não ser mais tão intenso.
Com a agilidade que provavelmente um homem com seu peso possui, ergueu-se do banco e seguiu o rumo contrário ao todo de bege homem da capa. Ao chegar perto do terceiro quarto do caminho, o corpo do homem bunda se estatelou no chão, como um grande saco de batatas jogado ao chão. Um grande estouro foi dado antes de tal ato. Ali no chão jazia Terêncio Schultz, o filho mais velho da família: morto com uma bala alojada em seu córtex, bala que penetrou pela sua nuca e seguiu um caminho quase varando sua cabeça, que pelo tamanho e forma que se encontrava agora oderia ser comparada com uma abóbora com sementes e recheio espalhados no chão.

teorias

Teoria da necessidade de emoção:
Toda essa idéia parte da seguinte questão proposta por minha mãe, em certo dia ao nos comunicarmos durante o almoço: Por que que seu pai em algumas horas fala alto e acaba perdendo a paciência comigo sem eu ter feito nada!?
A princípio, devo deixar claro que o caráter de meu pai é excelente, é uma grande pessoa: generoso, trabalhador, divertido, brincalhão, carinhoso.
Talvez um grande problema seja sua falta de paciência e sua mania de perfeição.
Voltando ao que importa, voltemos à pergunta de minha mãe. Pensei por alguns minutos e analisei toda a situação, tanto o que foi levantado em sua pergunta quanto o tipo de vida que ambos levam.
Meu pai trabalhando o dia inteiro, voltando já de noite para casa, em outra cidade.
Na mesma hora me pegunto: e onde que ele tem espaço pra se divertir, onde que está a parte emocionante de sua vida?
Desse pensamento tiro a conclusão de que não tem. Não tem uma forma de criar algo emocionante pra sua vida. Nessa hora meus pensamentos foram se organizando e encontrei a resposta: na falta de tempo pra se divertir, conversar ou outra coisa, a única forma de não apenas trabalhar e ser um escravo da rotina é ter que reconquistar minha mãe sempre; parece que o fato de ter o que se fazer quando volta pra casa, pensar em como as coisas estão ente o casal quando ele está no trabalho, chegar em casa e conseguir fazer as pazes,é algo fundamental para que sua vida não se concentre apenas numa rotina chata e cansativa.
A emoção vem do fato de saber que terá que se superar para reconquistar minha mãe, é algo que a princípio parece ser ilógico quanto a melhorar a rotina, mas que no final se torna fundamental para que exista um sentimento de utilidade que não só a de trabalhar.

A outra teoria se baseia no velho pensamento do querer e sempre querer.
Nessa área fica bem claro que o fator "querer" serve como algo que faça com que o indivíduo tenha que se esforçar para consegui-lo e esse sentimento faz com que a existência seja monôtona.
Se o indivíduo chega a um ponto em que já acredita ter tudo, provavelmente suas expectativas já se esgotaram e não parece haver mais sentido em se viver.
Frankl fala das três dimensões da existência: ela em si, o sentido de se existir, e a motivação do sentido. é preciso querer para ter planos, para prosseguir na nem sempre reta, mas retílinea linha da vida. O que se quer é temporário, mas o querer se apresenta eterno, ao ponto de que após termos o que queríamos caímos em outra perseguição, outro objeto ou pessoa, ou sentimento. o querer se constitui como alimento para as inspirações da mente. Querer é continuar o pensamento de vida, de representar o seu sentido de estar vivendo. O querer dos indivíduos nem sempre é comum e sendo assim, o sentido de cada vida é diferente, já que cada um é resposável por nutrir o seu querer e assim dando um significado específico para sua existência.

sábado, 14 de agosto de 2010

voar é o sonho dos sonhadores

Seriam de Ícaro se não fosse a história dessas asas tão diferente...
ao construir um meio de flutuar e deslizar pelo céu
não usou do material
apenas em sua mente viu o que era preciso:
imaginar
enquanto passavam os dias e repetiam-se as estações- inverno, verão, primavera, outono
em sua cabeça apenas avia o vento, o céus, as árvores, lagos ou lagoas, rios mares, árvores e plantas
apenas a sensação de sublime leveza, de pluma viagente
não era preciso se mover
apenas sentir o vento batendo, sudeste-noroeste
e assim com o toque do real, vento ventania
a partida para o seu vôo pensante se tornava de alguma maneira dalí tão distante
era corpo que pairava sobre o concreto,
mente que num exercício sem peso escorregava no abstrato
naquele momento qualquer problema era digno de apenas emoção
um vôo razante que era apenas motivo para um final em que as supras renais liberassem
adrenalina como máquinas de sorvete liberam sua substãncia na casca
era pleno
em plano
sem plano
era mente e espírito
alma
entendia platão e ari
sem nem mesmo exercitar a razão
ali naquele plano de vôo
naquelas escapadas, piruetas, cambalhotas
o vento, os pingos de chuva e todo o frescor
tudo em movimento
em pequanos fragmentos de momentos
em que nem uma palha ele moveu

fordismo

máquinas só não são deuses porque são feitas por homens, tem defeitos

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

o elogio da crítica

Despertou minha curiosidade o fato de que quando se elogia uma pessoa, em grande parte dos casos, a pessoa se sente pesada com o ocorrido, parece que estamos falando algo de ruim.
é de causar uma grande e profunda estranheza: não seria para a pessoa se sentir bem por ganhar elogios por algo que faz ou possui?
acreidito que acaba acontecendo o oposto ao que se é preterido por quem é o agente do elogio: o passivo da ação recebe algo positivo como um fator de comprometimento e peso futuro.
Quando se recebe um elogio e a pessoa não tem confiança ou não se conhece ao ponto de saber que estão falando de algo que ela mesma acredita ser verdadeiro, faz com que o elogio que foi recebido seja algo de esperado por quem elogiou ou por um grupo. A pessoa que a elogiou deverá esperar que sempre que veja a quem atribuiu certa habilidade que a mostre sempre, pois acredita ser algo que a outra domina. Ou seja, o elogiado vai ter que assumir a mesma postura sempre para que não perca o que foi atribuído e isso gera um comprometimento e um trabalho continuo, o que gera um peso: ter que ser assim sempre.
Ao passo que ao ser criticado, o indivíduo irá refletir sobre o que foi falado e se conhecerá melhor nesse aspecto em questão, sendo assim tentará mostrar a quem o criticou que na verdade possui sim aquele talento ou característica. Irá buscar uma forma de mostrar "veja, eu sou o que você falou que eu não era!". A crítica servirá de motivação para refletir e para mostrar ao outro que estava errado.
É estranho pensar que um simples elogio poderia salvar o processo inteiro de se sentir mal consigo pelo que a crítica proporciona.
Seria talvez interessante saber suas habilidades e ter idéia que sim você as possui, e que as desenvolvesse continuamente, sem ter que haver um mal estar.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

comentários

Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo.

Por meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado.

Suas reflexões sobre o amor ao longo de esse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor… com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio.

Dentre as frases de sabedoria do psiquiatra temos:

“Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre o amor e a individualidade, opte pelo segundo.”

“Os solteiros que estão mal são os que ainda sonham com o amor romântico. Pensam que precisam de outra pessoa para se completar. Como Vinicius de Moraes, acham que que ‘é impossível ser feliz sozinho’. Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.”



minha resposta:

Acredito que ele tocou em algo muito importante: a questão da pessoa se sentir incompleta por não ter um parceiro.
O que está ocorrendo hoje em dia é que as pessoas não se dedicam ao exercício de se conhecerem. O mundo contemporâneo é regido pela velocidade e pela eficiência: produzir mais e em pouco tempo.
Sendo assim a preocupação do homem se foca no trabalho e em aspectos como relacionamentos.
Os relacionamentos parecem surgir como um modo de dessestressar a vida, como diversão, no entanto, cada vez mais estes são superficiais pelo fato das pessoas que fazem parte não conhecerem a sí próprias.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

simples e distante assim como as estrelas

difícil de se entender ou lidar, não sou...
o problema é quando você quer e precisa se distanciar
pois só saberá quem é sendo mais só
só eu
.
.
.
passei muito tempo da minha vida sendo alguém partilhado com outro
e nisso
sou eu mesmo?
ou sou eu algo que nunca teve a chance de saber como é?
ou pior: sou então eu e mais o que fui com quem partilhei?
por bem
fico só
pra não ter depois o peso de achar que não me conheci bem
e isso refletir no que poderá surgir por quem compartilharei minha vida

domingo, 8 de agosto de 2010

fábula da pedra

se pensarmos em nossa vida como uma pedra
e pensarmos que somos responsáveis por essa
e que a conduzimos com nossas mãos
(uma mão segurando uma pedra)
devemos sempre pensar que se nos fecharmos
e nos tornarmos muito individualistas
vamos apertar muito a pedra e acabaremos nos machucando
se a levarmos sem firmeza e sensíveis a tudo
a toda hora a pedra caira de nossas mãos
e quebrará, ou no mínimo havera rachaduras
sendo rígidos ao extremo, quando fecharmos a mão em torno da pedra
iremos no machucar e além disso nof inal acabaremos jogando a pedra no chão, por dor, frustração ou peso
se sempre levarmos a pedra de maneira leve e sem cuidado
cairá tanto que se partira em pedaços
e nada sobrará dela
a pedra continuará intacta
sua mão continuará sem dor
se e somente se
a conduzir com equilibrio, nem forte
nem fraco

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

nada sei

cada vez mais eu acho que sei menos das coisas
e de uma maneira incrível
parece que cada vez que me julgo sem sabedoria
mais eu sei
quando acahva que sabia das coisas
qualquer palha que viesse de forma diferente
era motivo para fazer alta reavaliação de conceitos
agora que acho que nada sei
não me surpreendo quando não sei
e de alguma maneira se torna mais fácil
entender
de alguma maneira

cada vez mais
vejo que quem sabia mesmo
era o meu eu mais novo
que apenas fazia e sabia
o eu de agora
pergunta como que as coisas são
porque as coisas são
o porquê das coisas
sabia antes
ainda mais
quando nem pensva julgar saber
agora que preciso fingir que sei
acho melhor não saber nada
pois assim, sei mais!

verdade

a verdade, na verdade, se encontra dentro de um biscoito chinês!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

I wish I wish I wish, I think it never stop (wishlist)

deitei-me:
o teto branco, a cabeça encostada no travisseiro, ainda gelado e confortável.
meu corpo caiu em profundo repouso, não antes que sentisse cada músuculo reclamar e ir relaxando lentamente, o que me fez lembrar de uma pastilha efervescendo num copo d'água.
os pensamentos iam longe, não que a distãncia fizesse destes grandiosas contemplações.
apenas ia... ia, da mesma forma que aquela flor que cai da árvore marginal ao mar e vai, tranquila, indo e indo, mas sempre indo.
tatiei a parte do colchão onde minha mão direita havia se repousado. Como um bicho preguiça, apenas arquiei os dedos e ergui a palma de minha mão à procura de qualquer coisa.
não achei. não achei. encontrei apenas minha própria mão, quando já cansado me pareceu irresistível o fim da procura por algo.
não procurava algo, apenas procurava.
cansara.
meus pensamentos voltados agora a esta questão me levaram a barco ao pensamento (agora sim mais profundo) ao que havia feito.
e se tivesse achado algo quando procurei? teria me sentido bem? teria me feito ficar satisfeito? como poderia ter ficado satisfeito com algo que nem sabia que procurava? ficaria eu satisfeito exatamente por procurar nada e achar algo?
filosofei: não há algo que procuramos apenas a procura em si. há meios de procurar, então procuramos. buscamos sempre algo, algo que se baseia apenas na busca, a emoção se encontra no querer, no ter, e quando temos, a graça se vai, e outra vez procuramos outra coisa, sabendo- se lá o que é. quando não a achamos, nos pesa, fracasso! o sentimento é pobre, é triste (auto-punição), mas mesmo assim ainda queremos e sempre iremos querer, ainda mais se não pudermos ter.

o barbeiro de sev... da genral osório

Já me falaram do marceneiro
suas obras
suas façanhas
e todo o seu capricho
fazendo formas a partir da bruta árvore
transformando casca e raíz em torneadas pernas e braço
cadeira, cama, mesa

ouvi falar também do que escreve
poeta
escritor
que com letras faz palavras
de palavras, frases
e com frases, magia
verso, prosa, estrofe e cia

escutei as harmonias
do que tira som das cordas
e da madeira
que faz sinfonia
com violão e voz
canta e fala o que tem de belo na vida
com o objeto feito pelo marceneiro
com as linhas do poeta
faz verso, cântigo, poema e hamonia

ouvi falar do que casas constroi
pedreiro, arquiteto ou engenheiro
edifica
traz da planta, o físico
do plano, o edifício
ergue em mastro
a supremacia dos que com duas pernas andam
e com uma cabeça, às vezes pensa
faz muro, casa, edifício

arte e arte
arte por arte
e o barbeiro?
passa despercebido
faz a arte
a arte de recortar os cabelos que
apesar de esquentar
cobre a face
é um corte aqui
outro acolá
navalha aqui
navalha lá
é na firmeza
no rápido corte
no passar leve da lâmina
e faz rápido
a arte de nos engraçar

quarta-feira, 28 de julho de 2010

rachaduras no muro celestial

eu ainda perco meu tempo só pra olhar pro céu
em dias que as nuvens se fazem de rebeldes
e descolorem o azul
que cai do tom real
pro da paz
mas que paz?
branco, tolo
pálido
brilha aqui, pois o sol é forte
mas de encanto... nenhum
perco o tempo olhando lá pra cima
e fico com o pescoço doendo
branco por branco
porque não olho então pra mim?
branco por branco
acho melhor ficar dentro do quarto olhando a parede
que por sua vez, tem enfeites
um quadro, uma cor
e esse céu que conspira?
onde está sua vida e sua cor?
géilido
pálido
opa....
por um segundo
um sopro
o vento
e
ali
achou
um espaço entre as nebulosas
que assim como rachadura
revelou o conteudo antes encoberto
rachadura azul
de tão azul e único, se chama celeste
vejo pequenas ranhuras de vida
é o céu que se fez de
morto
caido
ou ferido
e que numa páscoa
reviveu
é por isso que ainda olho pra cima
olho pro nada
e do nada surge vida
é sempre assim
espero
e continuo torcendo
que uma hora
vem uma cor

sexta-feira, 23 de julho de 2010

camaleão

já pensou em ser camaleão?
pois eu já, se você nunca
digo que seria bom

quando quisesse ser verde
me jogaria de qualquer lugar
e atingiria alguma superfície
de qualquer pequena folha
e pronto, verde seria o enfeite

se quisesse ser invisível
buscaria algum muro
e mergulharia nas cores do mundo
marrom, cinza, preto, bege, marfim

já pensou em sumir quando quisesse?
seria genial
pra que magia se no final
o bacana mesmo é ser camaleão

já pensou em ser camaleão sem mudar de cor?
ser assim mutante
em cada situação, em cada momento
ser adaptável?
já pensou em ser camaleão de sentimentos?
a vida é melhor sendo assim, camaleão!

para Elisa

Se de rosas e doçuras
acabei me fazendo espinho e enjoado
só que o falo é que não previ
além de mim, além de mim

Se por algum segundo mostrei gosto e carinho
fui sincero, te queria, te quis e nos meus pensamentos, problemas e aventuras
te perdi

não perdi pra outro, nem por falta de amor
te perdi pra mim
se tudo ficou cinza, se as cores se misturaram num borrão e tudo do nítido
passou a ser mancha
foi porque misturei as cores da aquarela, foi porque joguei limão no seu café

se me perguntarem onde que errei, errei em mim, errei ao te atropelar
quando você passava na rua e nem sabia que tal pintura se retratava no meu ser
se as cores foram fugindo e foram embassando, minha culpa
se te cativei a tentar gostar de mim, não foi por maldade, não foi um jogo cruel
eu queria você, eu te tive, e quando isso tudo era a realidade
descobri que nada sabia de mim
descobri que no fundo, descobrir é o verbo que me rege
preciso me descobrir antes de mostrar ao mundo quem sou

eu era fácil, eu era simples
e de nó em nó
cama de gato
rabisco sem fim
e cá estou
fazendo mal porque preciso fazer pra mim o bem
antes de falar que sou rosa, flor, devo dizer que sou espinho que ainda não realizou
que tem corola, sépala
folha, pétala
e até mesmo espinho

o corte sara, mas a dor que ele proferiu, não

naõ te peço desculpas, te peço compreensão

sem mais

quinta-feira, 22 de julho de 2010

verdade seja dita: sabe-se lá o que é verdade

será que é preciso espelho?
é preciso ser dono de si, sozinho
e assim conseguir entender o que é ser
entender o seu ser?
tenho medo de olhar pro espelho
não pelo que vejo, o que eu vejo eu conheço [carne, pele, osso
não que não goste do que vejo,
mas será que quando refletir a alma dos olhos
conseguirei entender minha síntese?
ou melhor, será fácil de gostar?
cada vez que se torna independente sente que mais gosta do reflexo[narciso
mas que fica mais distante do que realmente o faz se sentir inteiro, digno
ou será maluquice e muita cobrança?
somente o eu mais velho, o eu que ainda não existe
que se projeta, o futuro poderá olhar pro que agora é dúvidas e dizer
sim ou não
sabe o que me atormenta? e quando o futuro for algo que não existe?
e quando for a hora do barco levar até valhalla
será que o eu extracorpóreo me dirá o que é certo ou errado, ou será que o
eu que for o ultimo de uma linha contua e progressiva do presente saberá no tempo vivido o que é a verdade?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O teor psicológico: o por quê de seu uso, analise sobre a crença e a descrença na terapia mental

A sociedade se movimenta de uma maneira tão rápida e numa aspecto tão marcado pela produtividade (números e números), e nesse frenesi o ser-humano acaba caindo numa rotina, em ações sistemáticas que vizam apenas o quanto se produz e o quanto é recebido de volta em forma de dinheiro.
Os trabalhos são pesados, seguem rotinas rígidas, o que causa grande desgaste naqueles que executam alguma parte fundamental de uma certa empresa ou instituição.
O que acontece no mundo hoje é que se priorisa aspectos duros e rígidos, se ignora aspectos fundamentais como a saúde mental. Se torna algo fora do mundo de quem não pode ter problemas, que só tem tempo para pensar no trabalho e em quanto precisa render; só se tem tempo para conseguir o dinheiro que o manterá vivo, o resto é acessório.
"O homem não tem tempo nem dinheiro para gastar em certas bobeiras" - esse é o pensamento comum, é o que se pensa sobre o uso de terapias psicológicas que buscam acalmar e dar tranquilidade.
O homem crê em problemas como o cancer, o alcoolismo, a aids, mas ignora problemas psicológicos. Para o homem apenas os problemas organicos são significantes, uma vez que causam sintomas que afetam de maneira altamente perceptiva o corpo.
Por que ignorar a mente?
Quando o homem sente dor de cabeça, toma um paleativo que não irá perguntar o por quê de seu problema. O homem não quer dar a entender o que faz e nem mostrar seus pontos fracos. dizer que precisa de alguém para ajudar a ter uma cabeça leve e sem problemas é considerado como mostrar que precisa de outros pra viver suas vidas e cuidar de seus problemas.
Não é qualquer que sabe que a ajuda psicológica não é uma resposta ou uma pá de cau nos problemas de uma pessoa. Não é admitir que é fraco, é procurar a ajuda de alguém que entenda o que está acontecendo com você, e que consiga ter uma visão, um panorama da situação sem estar incluso nessa. Muitas vezes nossas respostas se encontram na nossa frente, mas por motivos diversos acabamos não chegando à elas. Seja por não achar que seja o caminho certo (insegurança), seja por ainda achar que não superou o problema a ponta de chegar a um ponto final, ou seja, o papel terapeutico é nada mais do que um estimulo para chegar ao lugar certo e/ou para desenrolar o nó dos problemas e dar um empurrão em direção ao melhor para o paciente.
Quanto ao fato de se dar ênfase à problemas orgãnicos e ignorar os psicológicos, creio que aqui há uma forma de se colocar máscaras. Dizer que não é importante o problema que atormenta seus pensamentos é no mínimo tolo. o remédio para uma gripe é uma vitamina c, para uma inflamação na garganta um paracetamol, e para a sua mente é a conversa.
Ocorre uma inversão de papeis nese diálogo de problemas orgânicos e problemas psicológicos: sua mente que é a parte consciente e inconsciente, produzida por mecanismo de seu sistema nervoso (stp+ snc - medula cérebro-córtex) que é supostamente a parte que controla todos os outros orgãos, acaba sendo colocada como algo extra ou no mínimo como algo controlado pelos seus sistemas organicos.
O fígado eu sei onde está, posso fazer um exame para ver como é seu espectro, testá-lo para saber como vai seu funcionamento, e isso se aplica a todos os outros órgãos, no entanto, onde se encontra a sua mente? trata-se de um órgão? é possível tocá-la?
Sendo parte fundamental do funcionamento corporal e por ser algo digamos que metafísico, a mente deve ser considerada como algo que merece respeito e que deve ser tratada, seja em casos onde alguma implicação esteja presente ou seja no cotidiano a fim de uma "ginástica", exercício de manutenção.
Do jeito que algumas pessoas pensam parece que é muito mais fácil pagar menos e não dar satisfação depois que se tem um problema orgânico, do que (antes que haja algum) sua mente seja devidamente tratada e feita uma manutenção.

domingo, 4 de abril de 2010

máscaras

Houve um tempo em que as manhãs eram mais belas,
os pássaros cantavam em grande sintonia,
o vento soprava de maneira mais tenra,
as matas se moviam com maior sutilieza (ainda que de modo mais brusco)
a água tinha um toque suave e leve ao tocar minha pele
o sol me fazia fechar os olhos de uma maneira sincera e pura
quanto mais eu tentava ver os raios, mais difícil ficava
nunca conseguia

a vida é onda, com vales e cristas, é mão que traz e que tira
abraço que esquenta e aperta,
rua que chega, mas sem saída

as manhãs se tornam tarde e logo escurecem (quando as corujas começam a aparecer
os pássaros se recolhem
o vento se fortifica e uiva
as matas alternam, eternos espamos, paralisadas e movimentos firmes (derrubando suas folhas
a água após o contato com a pele fica suja e se esquenta (é velha agora)
o sol dá tchau em tons de sépia no céu
agora que é possível ser visto,
agora que os raios estão fracos
o sol já se escondeu.

segunda-feira, 8 de março de 2010

bipolar

quem sou?
de dentro sinto [veludo e espinho
sou o instinto
passo o dia repirando o ar na busca da carniça
sou a alma
respiro o perfume do desabrochar do jardim da calma e da tranquilidade
minha boca sente ao mesmo tempo o doce sabor do mel e o forte sabor da carne
é instrumento
é ferramenta pro bem e pro mal
se me sinto bem ao ajudar alguém, me pergunto se o faço por mim ou se faço por achar que
de alguma maneira isso mudaria algo na vida de um joão ninguém
eu sei que no final de tudo, não sei de nada
não sei nem quem ou como eu sou
meu maior enigma
sou eu
sou eu
quem sou?
sou eu?

sábado, 6 de março de 2010

Falsidade

a mimica do palhaço se resume em risos e sorrisos
e de tão pálida encanta
e de tão vermelho sua boca espanta
a gravata sela o laço da alegria, do ato bobo e da diverção

o sorriso do palhaço é sincero?

é sim
é tão sincero quanto a sua maquiagem
que faz de belo seu enrugado e triste rosto
esconde suas rugas
esconde sua dor

se uma lágrima
apenas uma, escorrer de seus olhos, de um deles apenas
será suficiente para desmacarar a gentileza e a felicidade
será abre alas da verdade

o palhaço não é feliz

a água lava seu rosto e traz a cor de sua pele
tira o tom monotono do branco, e num mecanismo inverso do normal,
quanod se colore traz menos cor
sua lágrima escorre e passa por locais sagrados e imaculados
protegidos a base da tinta, quase cal
e digo mais uma vez, se por sua face alguma gota, memso de orvalho
passar
sua raiva, sua tristeza irão desabrochar

não é estranho?

as risadas mais altas e gostosas
são do uniforme e não da pessoa
você é triste, você é podre
é o esgoto
é paris
é passar uma fachada de concreto em cima de uma
verdade que não é força motriz

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Nuttshell

sumindo da vida como um animal com medo foge de seu predador
se empurrando pra baixo e indo fundo, no poço da vida
buscando chegar antes no destino final
correndo contra o tempo pra ser o primeiro a chegar no pior estado da condição humana
vai e corre, pule de cabeça e vá de braços abertos achar seu destino
que por vez ou te faz superior ou te mata
pular num mar de espinhos e incertezas, dúvidas e pedras, concreto e amarguras
é tão certo quanto morrer!

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