Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hoje não é dia de poesia - crítica e análise II - a nova forma de consumir e pagar

"Bala de troco, que cosa triste" - é assim que o comercial de certo cartão de crédito propõe a solução para os problemas de troco: use cartão de crédito e você não terá mais que aceitar balas quando a loja não tiver moedas de pequeno valor para lhe dar de troco.
A brincadera da propaganda é genial, no entanto, por trás dos panos vemos um problema incrivelmente maior: a desvalorização da moeda, a mudança da forma de pagamento, a substituição de dinheiro real por dinheiro virtual.
A primeira coisa que deve ser levada em conta quando pensamos na dificuldade do troco, quando falamos em pequenos valores, é ou da grande economia ou da péssima valorização do dinheiro de uma nação.
Se nao há moedas de um centavo, cinco, ou dez, podemos ter certeza de que isto é ou um final de processo da desvalorização ou da mega valorização da moeda. Se o caso é de desvalorização, devemos entender que o sumiço de valores pequenos se deve ao fato de não ser atribuido grande valia ter estas moedas consigo. "O que posso fazer com um centavo? Se nada posso comprar, deixo em casa, esqueço no bolso.". Nesse caso relatamos uma diminição pela falta de circulação e pela pouca necessidade em se fazer mais moedas de tal valor. A mesma coisa acontece quando a moeda tem muiot valor, no entando, a circulação acaba pois o país não tem necessidade de colocar preços deveras quebrados, pode se trabalhar com valores mais arredondados, sem uso de centavos; ou algo custa um ou dois, ou três.
Outro aspecto interessante quando pensamos em cartões de crédito é a nova forma de pagamento: se paga no começo do mês o que fo consumido no anterior.
O seu gasto no mês é previsto parar ser descontado no próximo mês, ou seja, você consome e consome, sem ter que pegar do seu dinheiro do mês e pagar, o seu próximo pagamento será a forma utilizada para quitar suas dívidas. Até antes da invenção do dinheiro virtual, a pessoa precisava receber para poder pegar o dinheiro, ir até uma loja e comprar o que fosse. Já existia o cheque, no entanto, o cheque sempre andou em conjunto com a compra à vista, ele nunca foi uma forma total de prestação de prova como pagamento de uma dívida no mês que vem, suas comprar não eram apenas em cheques, até porque há um grande preconceito com o uso de cheques (fraudes e calotes) impedindo que este seja usado com muita frequência. Hoje estamos vendo uma ida do dinheiro praticamente como o cartão apenas. Você compra até na padaria com o cartão e mês que vem o dinheiro que chega em sua conta já vai direto para sanar as dívidas. Aqui é o ponto certo: dívidas.
A forma que se vive com o dinheiro hoje é através de quitar dívidas, ao passo que, quando você pega o dinheiro e na hora paga pelo que está sendo comprado, você tem o fim do processo de compra e venda. A pessoa que passa o mês inteiro fazendo contas para saber se no próximo mês terá como pagar o que está consumindo ela sofrerá de ansiedade e estresse elevado. Ela não consegue matar na hora a preocupação, levará um mês. E assim vai, todo mês a mesma coisa.
O grande problema é que a via virtual do dinheiro parece mais interessante para bancos e empressas de cartão, já que ela cria seres que se comprometem no mês anterior a pagar algo no próximo mês, garantem seu lucro. O que parece mais complicado é a imposição do virtual sobre o real, já que ocorrendo a retirada do dinheiro paupável, você tira a possibilidade da pessoa escolher como gastar suas economias, ou seja, se vai pagar agora o que compra ou se vai querer pagar depois.
O grande problema de criar uma forma apenas virtual de dinheiro esbarra na questão da dívida: criar indivíduos sempre endividados pode gerar uma alienação.
Se o salário do próximo mês já vem contado para pagar o que foi consumido no mês passado, o indivíduo fica preso a uma sempre dívida. Esssa sempre balança desfavorável que deve ser equilibrada, não faz com que tenha a possibilidade de sentirmos a balança pesada para nosso lado.
O fato de estar sempre em dívidas, pode fazer da pessoa uma eterna devedora, e sendo assim pode gerar indivíduos que consumam mais do que possam pagar. E aqui vem o X da questão: se somente existe o dinheiro virtual e a pessoa consome mais do que tem, quem vai pagar os bancos uma vez que o dinheiro vai ser somatizado apenas em tipos virtuais? creio que nesse ponto pode ocorrer como na crise bancária dos EUA, só que ao invés de emprestimos, será com dívidas.
Os bancos contarão com o dinheiro que seus clientes dizem ter para pagar o que foi consumido, e o banco trabalha com os valores que crê que receberá. Se o banco investe com algo que não será pago, como que fica? Aí aqui que mora o problema todo.... não fica né?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hoje não é dia de poesia - crítica e analise I - o narciso surge sutilmente

Venho observando algo muito interessante nesse útlimo mês:
o narciso no físico.
Há um mês ando observando o comportamento de pessoas na acadêmia a qual me vinculei.
Já é assunto antigo e batido que pessoas que conforme vão ganhando condicionamento físico e vão criando um corpo teoricamente tido como mais belo pelos padrões de beleza atuais de nossa sociedade, ele se transforma num ser a procura de seu reflexo.
A sua própria imagem o satisfaz. Esse sentimento seria uma espécie de reconhecimento de si como pertencente a uma classe específica: a dos inclusos nos padrões de beleza.
O trabalho que se teve para conseguir chegar até esse biotipo já citado também é uma das causas da constante admiração de si próprio.
Disso tudo, todos já estão carecas de saber, o que vem me intrigando é o primeiro vínculo, quando a pessoa começou essas tarefas de esforço físico e ainda não é um narciso.
Creio que o fato de em algum determinado momento o ser se tornar um narcisista acontece de uma maneira gradativa e não algo que cumina em um certo dia que este se dá conta que está belo.
O primeiro passo vem do estímulo visual que a própria academia proporciona: espelho por todos os lados.
Essa proposta, dos espelhos, pode ser vista de dois jeitos: no fator de ajudar na hora de execução de certo exercício, para manter a postura, entre outras coisas; o outro fator é o da auto-propaganda, ou seja, a academia consegue seu consumidor oferecendo ele mesmo como comprovação da eficácia dela.
O segundo passo se baseia no primeiro fator acima referido, já que o seu primeiro contato com seu reflexo numa academia será ao usar seu reflexo como forma de orientação e averiguação quanto a devida execução do exercício, uma maneira de poder avaliar se o movimento está sendo feito de maneira correta.
O que mais me deixa curioso, nesse ponto, é que o grande exercício de culto a si mesmo, não parece surgir de uma maneira já determinada a ser assim, ela é mais sem propósito, no entanto como ocorre uma modificação compórea e consequentemente um aumento da auto-estima, o hábito de se olhar com satisfação e várias vezes se torna algo constante e viciante, o ser acaba precisando se olhar, ele precisa se admirar, isso o satisfaz.
As relações interpessoais na academia também podem ser considerados um fator importante para uma admiração de si, já que com o convívio com mais pessoas, o indivíduo acaba criando uma possibilidade maior de conhecer pessoas e, entre essas, algumas partilharem interesses e acabar se relacionando de uma maneira que faça a sua "beleza" ser ainda mais apreciado pelo fato de agradar a mais pessoas. Ainda é mais efetivo se pensarmos que pode acontecer que ao entrar na academia a pessoa não esteja feliz com seu corpo e tenha problemas de relacionamento sexual e ao começar a se sentir mais belo, melhorar seu lado afetivo (sexualmente), e acabar associando isso apenas ao fato de ter esculpido seu corpo (não olhando o lado da auto-confiança).
São alguns fatos que influenciam a criação do ser narciso e uma rápida olhada no processo que o leva de mero observador do próprio reflexo para um adorador dessa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

vento

Vento
so-pra-e-so-pra
Forma existente
que é ao mesmo tempo tudo e nada

o vento vem e
[me abraça]
de uma maneira que ao mesmo tempo que
p-e-n-s-o em abraça-lo
não sei onde está, nem se já se foi
onde começa e termina?
é forma que envolve e vai embora
de uma maneira tão pouco uniforme
que nunca se sabe se ainda é, ou se não é mais
v-en-to
que carre[ga] e [carre]ga as folhas
traz - e leva
que des
-pen
-ca
e se -va
-le
-e

um monte de nada
um aparetemente nada
que muda
que balança
que ui-va

é a força do nada
que sacode as árvores
que espalha o pólem
que empurra a água
o barco
o cabelo
a roupa
e vai mudando o clima
traz as núvens de longe

ve-e-e-e-e -nto ve-e-e-e-e-e-e-e ntania
que assim como uma grande vassoura
v-a-a-a-a-rrrrrre a (vida)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

síntese

Será possível eu achar?
O que procuro todo os dias
não tem corpo [ desmembrado, não tem braços nem pernas
será que existe?
aahh sim
existe dentro de mim
tá perto de onde se faz tum-tum
é amor?
pode ser
mas não parece ser o que eu procuro
só faz parte, o amor pra mim alguma hora chega
e que seja assim, que chegue por que tem que chegar, ao seu tempo, nada forçado
mas falo de novo
o que procuro?
alguma coisa eu sempre vou atrás
ihhh, eu vou atrás de mim
e parece que toda vez que eu penso em correr e agarrar o meu eu
ele já tá na frente se virando pra tentar agarrar o eu que agora já tá na frente
e tá se virando pra ir atrás do eu
e as coisas ficam nesse ciclo inacabável
a minha esperança
é na verdade de sempre tentar achar o eu
e nunca conseguir mesmo
porque pensa bem.... quando eu conseguir pegar o eu
não vai ter mais o que correr atrás
então que seja assim
que eu saiba que estou correndo atrás de mim
e me identifique, saiba o que sou
mas que esse conhecimento nunca seja fechado e sacramentado
que eu me conheça tanto que quando eu faça algo que não esperava
entenda que nunca se sabe tudo sobre você mesmo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a mínima parte de um total só possível pelas mínimas partes conjuntas - a gota

E se for chuva que cai de baixo pra cima?
subiria ou seria ainda uma forma de queda?
tanto faz, faz é que chove
e chove em mim,
pingos, respingos, trespingos
quando sem resguardo, a chuva tende a molhar quem se dispõe sob o céu

todas as gotas caem, mas uma
uma apenas, me desviou a atenção
era igual as outras, pra quem por ali passava e via a chuva
mas pra mim, era diferente
era mais brilhante, silhueta característica
clara, e se movendo de um jeito que só esse pingo era capaz

a gota é você,
é simples,
é intrigante,
refresca,

você foi a pequena gota que percorreu milhares de quilometros
passou por vários andares,
mas que caprichosamente foi
e foi
e foi
em sentido
e como se os segundos tivessem se transformado em horas
percorreu o meio metro que faltava
e em meus lábios repousou

você é a gota, que poderia ser detalhe
mas era mais, era detalhe, era sintese e era conteúdo
foi um dos melhores momentos
poucos segundos em que uma leve gotícula
fez mais sentido do que toda a água da chuva.

era você...

Eterna doçura

tenho certeza de que algo abstrato é sempre difícil de se concretizar
eu não tenho certeza se o que senti é apenas uma impressão
se foram os olhos, o olhar, a fixação, a mesma vibração [seus olhos e os meus
não sei o timbre de sua voz
não sei como que seus lindos lábios se articulam
nunca te ouvi falar
te vi uma vez
te olhei uma dezena de vezes
te quis centenas de vezes
e tudo é incerteza
quanto ao que foi, foi real
foi aquilo que se sente e que se sabe que não é algo só
foi saber que em meus olhos se sentiu calma e inquieta
fui fogo e água, assim como você, para mim, foi paraíso e Terra
poucas foram as vezes, em minha vida, que presenciei algo tão puro e bonito, e tão certo
era um momento que deveria acontecer
fez todo o sentindo pra mim... e pra você
se perdeu em mim de uma maneira
que só sei explicar pq em você, eu me perdi da mesma maneira
nem mais pra mim, nem mais pra você
éramos só eu e você
como conhecidos, que podem trocar olhares
como estranhos, que envergonham-se ao olhar nos olhos
mas nos olhamos, aahhh, como nos olhamos
você do alto, e eu lá em baixo
seria fácil você nos meus olhos não se reter
mas procuraste a mim, pois meus olhos te procuraram antes, ou será que depois
não se sabe
não fui eu, nem foi você
foi além
fomos nós
e que fica em mim
o que fica em você
sem pressa pra que isso ocorra ou tenha que acontecer
fica como tatuagem
a eterna doçura, que sua presença, em minha alma se perpetua
a eterna doçura, que minha presença, em sua alma se perpetua