Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

sexta-feira, 30 de julho de 2010

I wish I wish I wish, I think it never stop (wishlist)

deitei-me:
o teto branco, a cabeça encostada no travisseiro, ainda gelado e confortável.
meu corpo caiu em profundo repouso, não antes que sentisse cada músuculo reclamar e ir relaxando lentamente, o que me fez lembrar de uma pastilha efervescendo num copo d'água.
os pensamentos iam longe, não que a distãncia fizesse destes grandiosas contemplações.
apenas ia... ia, da mesma forma que aquela flor que cai da árvore marginal ao mar e vai, tranquila, indo e indo, mas sempre indo.
tatiei a parte do colchão onde minha mão direita havia se repousado. Como um bicho preguiça, apenas arquiei os dedos e ergui a palma de minha mão à procura de qualquer coisa.
não achei. não achei. encontrei apenas minha própria mão, quando já cansado me pareceu irresistível o fim da procura por algo.
não procurava algo, apenas procurava.
cansara.
meus pensamentos voltados agora a esta questão me levaram a barco ao pensamento (agora sim mais profundo) ao que havia feito.
e se tivesse achado algo quando procurei? teria me sentido bem? teria me feito ficar satisfeito? como poderia ter ficado satisfeito com algo que nem sabia que procurava? ficaria eu satisfeito exatamente por procurar nada e achar algo?
filosofei: não há algo que procuramos apenas a procura em si. há meios de procurar, então procuramos. buscamos sempre algo, algo que se baseia apenas na busca, a emoção se encontra no querer, no ter, e quando temos, a graça se vai, e outra vez procuramos outra coisa, sabendo- se lá o que é. quando não a achamos, nos pesa, fracasso! o sentimento é pobre, é triste (auto-punição), mas mesmo assim ainda queremos e sempre iremos querer, ainda mais se não pudermos ter.

o barbeiro de sev... da genral osório

Já me falaram do marceneiro
suas obras
suas façanhas
e todo o seu capricho
fazendo formas a partir da bruta árvore
transformando casca e raíz em torneadas pernas e braço
cadeira, cama, mesa

ouvi falar também do que escreve
poeta
escritor
que com letras faz palavras
de palavras, frases
e com frases, magia
verso, prosa, estrofe e cia

escutei as harmonias
do que tira som das cordas
e da madeira
que faz sinfonia
com violão e voz
canta e fala o que tem de belo na vida
com o objeto feito pelo marceneiro
com as linhas do poeta
faz verso, cântigo, poema e hamonia

ouvi falar do que casas constroi
pedreiro, arquiteto ou engenheiro
edifica
traz da planta, o físico
do plano, o edifício
ergue em mastro
a supremacia dos que com duas pernas andam
e com uma cabeça, às vezes pensa
faz muro, casa, edifício

arte e arte
arte por arte
e o barbeiro?
passa despercebido
faz a arte
a arte de recortar os cabelos que
apesar de esquentar
cobre a face
é um corte aqui
outro acolá
navalha aqui
navalha lá
é na firmeza
no rápido corte
no passar leve da lâmina
e faz rápido
a arte de nos engraçar

quarta-feira, 28 de julho de 2010

rachaduras no muro celestial

eu ainda perco meu tempo só pra olhar pro céu
em dias que as nuvens se fazem de rebeldes
e descolorem o azul
que cai do tom real
pro da paz
mas que paz?
branco, tolo
pálido
brilha aqui, pois o sol é forte
mas de encanto... nenhum
perco o tempo olhando lá pra cima
e fico com o pescoço doendo
branco por branco
porque não olho então pra mim?
branco por branco
acho melhor ficar dentro do quarto olhando a parede
que por sua vez, tem enfeites
um quadro, uma cor
e esse céu que conspira?
onde está sua vida e sua cor?
géilido
pálido
opa....
por um segundo
um sopro
o vento
e
ali
achou
um espaço entre as nebulosas
que assim como rachadura
revelou o conteudo antes encoberto
rachadura azul
de tão azul e único, se chama celeste
vejo pequenas ranhuras de vida
é o céu que se fez de
morto
caido
ou ferido
e que numa páscoa
reviveu
é por isso que ainda olho pra cima
olho pro nada
e do nada surge vida
é sempre assim
espero
e continuo torcendo
que uma hora
vem uma cor

sexta-feira, 23 de julho de 2010

camaleão

já pensou em ser camaleão?
pois eu já, se você nunca
digo que seria bom

quando quisesse ser verde
me jogaria de qualquer lugar
e atingiria alguma superfície
de qualquer pequena folha
e pronto, verde seria o enfeite

se quisesse ser invisível
buscaria algum muro
e mergulharia nas cores do mundo
marrom, cinza, preto, bege, marfim

já pensou em sumir quando quisesse?
seria genial
pra que magia se no final
o bacana mesmo é ser camaleão

já pensou em ser camaleão sem mudar de cor?
ser assim mutante
em cada situação, em cada momento
ser adaptável?
já pensou em ser camaleão de sentimentos?
a vida é melhor sendo assim, camaleão!

para Elisa

Se de rosas e doçuras
acabei me fazendo espinho e enjoado
só que o falo é que não previ
além de mim, além de mim

Se por algum segundo mostrei gosto e carinho
fui sincero, te queria, te quis e nos meus pensamentos, problemas e aventuras
te perdi

não perdi pra outro, nem por falta de amor
te perdi pra mim
se tudo ficou cinza, se as cores se misturaram num borrão e tudo do nítido
passou a ser mancha
foi porque misturei as cores da aquarela, foi porque joguei limão no seu café

se me perguntarem onde que errei, errei em mim, errei ao te atropelar
quando você passava na rua e nem sabia que tal pintura se retratava no meu ser
se as cores foram fugindo e foram embassando, minha culpa
se te cativei a tentar gostar de mim, não foi por maldade, não foi um jogo cruel
eu queria você, eu te tive, e quando isso tudo era a realidade
descobri que nada sabia de mim
descobri que no fundo, descobrir é o verbo que me rege
preciso me descobrir antes de mostrar ao mundo quem sou

eu era fácil, eu era simples
e de nó em nó
cama de gato
rabisco sem fim
e cá estou
fazendo mal porque preciso fazer pra mim o bem
antes de falar que sou rosa, flor, devo dizer que sou espinho que ainda não realizou
que tem corola, sépala
folha, pétala
e até mesmo espinho

o corte sara, mas a dor que ele proferiu, não

naõ te peço desculpas, te peço compreensão

sem mais

quinta-feira, 22 de julho de 2010

verdade seja dita: sabe-se lá o que é verdade

será que é preciso espelho?
é preciso ser dono de si, sozinho
e assim conseguir entender o que é ser
entender o seu ser?
tenho medo de olhar pro espelho
não pelo que vejo, o que eu vejo eu conheço [carne, pele, osso
não que não goste do que vejo,
mas será que quando refletir a alma dos olhos
conseguirei entender minha síntese?
ou melhor, será fácil de gostar?
cada vez que se torna independente sente que mais gosta do reflexo[narciso
mas que fica mais distante do que realmente o faz se sentir inteiro, digno
ou será maluquice e muita cobrança?
somente o eu mais velho, o eu que ainda não existe
que se projeta, o futuro poderá olhar pro que agora é dúvidas e dizer
sim ou não
sabe o que me atormenta? e quando o futuro for algo que não existe?
e quando for a hora do barco levar até valhalla
será que o eu extracorpóreo me dirá o que é certo ou errado, ou será que o
eu que for o ultimo de uma linha contua e progressiva do presente saberá no tempo vivido o que é a verdade?