Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

domingo, 28 de novembro de 2010

Hoje

Hoje é o dia e sempre o hoje é e deverá ser o dia, já que nada se concretiza ou se realiza na esperança do futuro ou na memória do passado!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Filosofias sobre o simples e suas maravilhosas implicações

E por mais que se diga que tudo é complexo,
no final as mais simples explicações
e os mais simples eventos
são os fatores agentes no contínuo e eterno
girar das engrenagens que movem a vida.

sábado, 13 de novembro de 2010

Caçador de almas

Passava pela rua.
Era a rua que passava em forma de esteira...
Até porque, em sua cabeça o mundo girava apenas em torno de seus problemas, paixões, loucuras, teorias e sonhos.
Sua caminhada lembrava uma sombra que lentamente muda de tamanho de acordo com a aproximação da luz.
E era nesse passo que vinha e vinha em direção ao farol.
Sua figura ia adquirindo proporções maiores a medida que mais perto do farol ficava.
Se sua mente fosse algo material, giraria assim como a grande lanterna do obelisco luminoso de alerta.
O farol sou eu, a câmera no fim da rua. Ele, o ator melancólico, passivo, conformado, lento e cabisbaixo.
A sua sorte era poder pensar na sorte, já que sua vida se encontrava como um grande voodoo dos Deuses.
Uma anêmona. Parecia uma anêmona. Isso define.
Se falasse que era viciado em alguma bebida, acreditaria sem duvidar, no entanto, seu vício era outro:
O amor.
o grande amor.
Não, esse amor não é de Eros, é um amor maior. Uma paixão, obcecado.
Sua tristeza era porque no caminho que passava, nada o refletia.
E digo, ainda bem que nada o refletia, pois a espécie se apresentava da pior mímica, postura e comportamento.
Era pavoroso. Diria que se no fundo algum violino rangesse lentamente e uma nota bem grave de um contra-baixo fosse solta, acreditaria estar vendo um filme de terror.
O pesar.... e devia ser pesado o que sua mente carregava: parecia carregar um piano.
Somente era feliz quando podia se ver. Somente era apresentável nessas situações.
Bom para outros? Nada, os outros são os outros, o importante sempre fora fazer seu ego estourar em lá natural, aos prontos!
Era só, já que não se importava com a presença de segunda ou terceira pessoa, sendo assim, outros não tinham nada que os motivasse a ficar perto.
Não era triste por se sentir só, era indiferente quanto a isso.
O vento podia bater tão forte quanto fosse que ficava na mesma postura. Firme e forte, se não fosse por andar, pombos seriam seus parceiros: estátua seria.
Era tudo que a definição de miserável abrange. Miserável, era essa a palavra que há muito procurava.
Pensei em lhe dirigir a palavra, mas julguei melhor apenas observá-lo.
Como conhecia o estranho na rua?
Eu conhecia, conhecido de uma amiga, mais um daqueles casos em que você se lembra da pessoa por mero acaso e sabe que a pessoa nem deve imaginar que você exista.
Não posso dizer se ele não me reconheceu: ele apenas andava, passou em seu andar claudicante, porém ereto e firme, por mim.
Eu não o via como uma pessoa má ou até mesmo uma pessoa cruel que merecesse um castigo que ele mesmo parecia se impor.
Eu sentia uma mistura de vontade de tirá-lo daquilo com uma vontade de esbofetear firme sua face até que acordasse de tal transe. Eu sabia que era uma boa pessoa, apenas uma grande casca que fazia com que o sol não brilhasse para ele.
Tony. Esse era seu apelido. Provavelmente um Antônio. Antônio carlos? Antônio Roberto? Marco Antônio? Não sei, talvez nunca saberei.
Passou por mim e seguiu até o final da rua, até a ponte.
Subiu na coluna. Fitou o rio. Virou-se e creio que nesse ponto, me viu e teve a noção de que alguém o seguia com os olhos.
Eu parado.
Olhou o suficiente para dizer que não muitas seriam suas ações ainda em vida.
Deixou o peso levar, junto com a mão do vento. Caiu. Sua imagem foi gradativamente saindo do compo de visão. Até que não o via mais. Caiu. Menos de 2 segundos para eu não mais consguir acompanhar sua queda de costas, segundos estes que demoraram horas para passar. O homem caiu me fitando. Conforme sua cabeça ia indo para trás e inclinando, chegando cada vez mais a um grau mais próximo da linha do horizonte, ainda se esforçava para me olhar.
O olhar mais profundo que já vi. Se seus olhos tivesses braços, estariam carregando 400 quilos cada um. Era pesado assim como o mercúrio, muito denso, repleto de perguntas, de questões, de formas de pensar, de coisas não realizadas. era uma lição de vida, no aspecto de servir de exemplo para não ser seguido e para te chocar a ponto de pensar em como se reclama de coisas pequenas: os problemas dele deviam de ser pesados! Cortina de Ferro. definiria assim.
O que fiz foi apenas ir atrás do vestígo de seu corpo: ele ficou no rio. Morto. Era história.

pensamento

e cada vez que se pensa que é melhor, acaba que se demonstra que existe um estágio mais evoluído!

domingo, 7 de novembro de 2010

Náufrago

humor de mulher igual a maré
é onda, de vales e cristas
água que em turbilhão à praia chega
é o oceano das certezas incertas
mas é mar que homens, assim como eu
gostam de se afogar

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ao acaso

minhas palavras se recusam a sair
é a forma de te dizer em um profundo e inquieto silencio
o que poderia tentar juntar palavras e me expressar, sem que
o efeito fosse tão devastador ou gigantesco
quanto o olhar
quanto a íris brilhando
o reflexo do rio que passa cristal, no cristalino
é o tom da voz
é o que sabe sem saber
é a certeza de saber o que você pensa
ou o quanto que meus olhos te fascinaram
e quanto os seus me fizeram entender tudo
as palavras são muletas
para os deficientes do coração
pra que dizer? o que dizer?
nada
não dizer nada
eu tenho a certeza de que te quero, desde que te olhei
tenho a certeza de que me quer, desde que vi seu olho relutar em pousar sobre minha
figura
ao olhar pro lado ao sentir que me observavam e dar com seus olhos
escapando como dois ladrões
envergonhados de um crime
e que crime
o crime de me querer
sou vitima
serei vitima
se for pra seus olhos me tocarem
com a suavidade e a doçura
o acaso reuniu dois
e deu mais certezas do que os dois poderiam ter
está certo assim
e é assim que deverá ser
fluindo como o barco sem remos
no rio da vida, no afluente da paixão

cromossônico

as cores, lá fora, sopravam em tons
caíam de tônica pra terça, na medida que o vento alisava a superfície
plana em ondas do veludo celestial
o azul se firmava em acorde
anil, marinho, escuro e petróleo
organização cromática em ondas
e cada vez que se passava a canção do dia
as notas mudavam
até o vermelho alaranjado do final nostálgico
das tardes brilhantes e agudas de verão!

agora é noite: cinza, escuro, escuro mais e negro
das cores, até o vazio infinito, imenso
o salpicado
o todo pintado
o nada presentiado com pequenas marcações de tempo
o céu estrelado de uma noite perfeitamente orquestrada
violinos celestes
celos astrais
o manto negro da complexidade extrema e eterna"