Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cego

Penso e logo não existo,
já que sempre que me ponho a pensar.
O que me vem à cabeça é apenas uma ideia:
a de nada ser longe de ti.

Assim como a fagulha, ínfima, mínima
cai no chão forrado de palha de um celeiro
e inicia o queimar,
assim fizeram seus olhos a mim.

E foi em mero relance
-apenas um ínterim de olhos nos olhos,
alguns segundos, captados por mim como longas novelas
que fizeram de mim um nada.
Incendiaram minha morada, minha alma, meu ser.

Antes cego fosse eu, e não meu amor,
pois assim a luz que refletiu em seus olhos
não pularia para os meus.
Mas sei que, desde então, sou cego, surdo e mudo:
meus sentidos perderam-se em você.

E vivo assim, pensando,
ou melhor, evitando pensar,
pois desde o dia em que te vi
me ponho a lastimar,
já que nossos corpos, assim como dizem os sábios,
não podem ocupar o mesmo lugar.

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