Mudando a perspectiva

Mudando a perspectiva

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hoje não é dia de poesia - crítica e analise I - o narciso surge sutilmente

Venho observando algo muito interessante nesse útlimo mês:
o narciso no físico.
Há um mês ando observando o comportamento de pessoas na acadêmia a qual me vinculei.
Já é assunto antigo e batido que pessoas que conforme vão ganhando condicionamento físico e vão criando um corpo teoricamente tido como mais belo pelos padrões de beleza atuais de nossa sociedade, ele se transforma num ser a procura de seu reflexo.
A sua própria imagem o satisfaz. Esse sentimento seria uma espécie de reconhecimento de si como pertencente a uma classe específica: a dos inclusos nos padrões de beleza.
O trabalho que se teve para conseguir chegar até esse biotipo já citado também é uma das causas da constante admiração de si próprio.
Disso tudo, todos já estão carecas de saber, o que vem me intrigando é o primeiro vínculo, quando a pessoa começou essas tarefas de esforço físico e ainda não é um narciso.
Creio que o fato de em algum determinado momento o ser se tornar um narcisista acontece de uma maneira gradativa e não algo que cumina em um certo dia que este se dá conta que está belo.
O primeiro passo vem do estímulo visual que a própria academia proporciona: espelho por todos os lados.
Essa proposta, dos espelhos, pode ser vista de dois jeitos: no fator de ajudar na hora de execução de certo exercício, para manter a postura, entre outras coisas; o outro fator é o da auto-propaganda, ou seja, a academia consegue seu consumidor oferecendo ele mesmo como comprovação da eficácia dela.
O segundo passo se baseia no primeiro fator acima referido, já que o seu primeiro contato com seu reflexo numa academia será ao usar seu reflexo como forma de orientação e averiguação quanto a devida execução do exercício, uma maneira de poder avaliar se o movimento está sendo feito de maneira correta.
O que mais me deixa curioso, nesse ponto, é que o grande exercício de culto a si mesmo, não parece surgir de uma maneira já determinada a ser assim, ela é mais sem propósito, no entanto como ocorre uma modificação compórea e consequentemente um aumento da auto-estima, o hábito de se olhar com satisfação e várias vezes se torna algo constante e viciante, o ser acaba precisando se olhar, ele precisa se admirar, isso o satisfaz.
As relações interpessoais na academia também podem ser considerados um fator importante para uma admiração de si, já que com o convívio com mais pessoas, o indivíduo acaba criando uma possibilidade maior de conhecer pessoas e, entre essas, algumas partilharem interesses e acabar se relacionando de uma maneira que faça a sua "beleza" ser ainda mais apreciado pelo fato de agradar a mais pessoas. Ainda é mais efetivo se pensarmos que pode acontecer que ao entrar na academia a pessoa não esteja feliz com seu corpo e tenha problemas de relacionamento sexual e ao começar a se sentir mais belo, melhorar seu lado afetivo (sexualmente), e acabar associando isso apenas ao fato de ter esculpido seu corpo (não olhando o lado da auto-confiança).
São alguns fatos que influenciam a criação do ser narciso e uma rápida olhada no processo que o leva de mero observador do próprio reflexo para um adorador dessa.

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