Mudando a perspectiva

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domingo, 22 de agosto de 2010

O assassino da rua 16 - capítulo I

Assim como a água evaporada durante um banho quente de banheira, a névoa havia se fechado densamente de uma maneira que não se chamaria de um absurdo compará-la com um muro.
A visibilidade era tão grande quanto a de um míope que perdera o óculos: não se enxergava muito mais do que um palmo em qualquer direção que os olhos mirassem.
Seria preciso mais postes ou pelo menos mais potentes do que aqueles que na pequena rua de paralelepípedo brilhavam como vagalumes num jardim.
O céu estava fechado e na mistura do negro da noite com o cinza das núvens parecia tingido com a água onde se coloca os pinceis. A hora? Provavelmente alguns minutos depois da meia noite já que não havia muito o relógio da catedral havia ecoado pelos arredores.
E o que fazia ali naquela pequena rua uma pessoa? Por que estava ali andando sozinha? Local mais estranho para se passar em tal hora e estado climático não havia: aquela rua era a mais sombria da cidade, tão sombria que ali nem alguns dos mais perigosos malfeitores se atraviam a passar.
A rua 16, como era chamada, levava a reputação de assombrada, no entanto era de conhecimento que de assombrada nada tinha, era apenas um local fácil de pregar o mal da existência, era fácil fazer coisas ruins e não ser visto. Não era possível contar nos dedos as histórias sobre homens ou mulheres que por aquela rua passaram e nela ficaram.
Repito: naquela rua na data de 17 de dezembro de 1745 passava um homem vestindo um casaco, grossas calças e um grande gorro de lã.
Parecia inquieto, não que parecesse ser o medo da rua, mas parecia temer algo que poderia vir pela frente ou surpreendê-lo por trás, talvez por isso olhava constantemente e rapidamente para frente e para trás.
Ao chegar perto de um pequeno banco de madeira, que ainda que velho parecia conseguir sustentar o peso de um homem corpulento, assim como se apresentava o situação corpórea. Parecia um bonieco de neve.
Ao se sentar no banco fez questão de bater com o pé no chão de uma maneira que seu nervosismo se mostrou ainda mais evidente. Pareci crescer como os números de uma P.G.
Olhou para os lados, reitrou de seu bolso um charuto e uma caixa com fósforos. Assim como um faminto macaco abre uma banana, o corpulento homem acendeu seu vício. Uma, duas, três tragadas e por conseguinte, uma grande baforada que após alguns centímetros de visibilidade se tornou mais uma parte da névoa.
Não foi nada surpreendente o charuto ter caído no chão, já que suas mãos tremiam em um ritmo fora do normal, o frio era intenso, mas não tanto que o fizesse tremer tanto.
Sua primeira iniciativa foi tentar se agachar e tentar pegar o charuto perdido. dois minutos foram o suficiente para que perdesse a paciência e acabasse pegando outro dentro da caixa de madeira guardada na parte interior de seu casaco.
O homem retirou a ponta do charuto e na hora que faria a ação de acendê-lo, um homem ali chegou e com o fósforo já aceso acendeu seu cubano.
A cara do fumante se abriu como quem toma um susto de uma assombração, mas e poucos segundos sua cara passou de medo e susto para algo como medo e obrigação, de uma maneira que fica fácil entender que pelo homem que acendeu seu charuto o amedrontado boneco de neve esperava.
De maneira fria o homem que vestia uma grande capa bege e uma cartola ficou em pé durante toda a conversa que ali aconteceu. foram poucos minutos de conversa, que acabou em um aperto de mão e com o misterioso de capa indo embora.
A cara do homem era agora mais calma, seu comportamento de bater a perna parecia não ser mais tão intenso.
Com a agilidade que provavelmente um homem com seu peso possui, ergueu-se do banco e seguiu o rumo contrário ao todo de bege homem da capa. Ao chegar perto do terceiro quarto do caminho, o corpo do homem bunda se estatelou no chão, como um grande saco de batatas jogado ao chão. Um grande estouro foi dado antes de tal ato. Ali no chão jazia Terêncio Schultz, o filho mais velho da família: morto com uma bala alojada em seu córtex, bala que penetrou pela sua nuca e seguiu um caminho quase varando sua cabeça, que pelo tamanho e forma que se encontrava agora oderia ser comparada com uma abóbora com sementes e recheio espalhados no chão.

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